Posso tirar onda com pouquíssimas coisas. Uma delas é: a trilha sonora de Oscar Niemeyer, a Vida é um Sopro foi feita por João Donato. E feita de uma maneira absurdamente simples: O Donato foi para o estúdio. Um aparelho de vhs com o filme foi colocado em cima do piano. Soltamos a fita e ele começou a improvisar. 45 minutos depois ele perguntou: posso dar uma paradinha? Claro. Lanchinho feito, voltou ao piano, mais 45 minutos e pronto. Depois Berna Ceppas, Kassin e Felipe Poli colocaram alguns complementos, partindo da base toda feita por Donato. Simplicidade, tranquilidade, bacanidade. Anos mais tarde, Tetê Moraes me chamou para ser o produtor de campo de seu filme sobre o Donato. Taí algo que me arrependo de não ter conseguido fazer. A playlist 28 da corda bamba tá no ar em edição robusta, com 3 horas de balaco. Divirtam-se!
Por uma destas brincadeiras do acaso, apareceu um improvável quicksilver messenger service dando sopa e batendo um tambor tão bacana, tão na suavidade que parecia que os carteiros psicodélicos de são francisco estavam mandando um recado pro donato. então hoje a corda abre com eles e depois vem o donato, amazonas. ia colocar a gravação do disco dos anos 60, com o arranjo do claus ogerman, mas o lance é que esta, mais recente, do disco sambolero é simplesmente matadora. e como donato era também o nosso homem no caribe, avançamos com o piano cheio de firulas de ruben gonzalez, seguido com mais donato, acompanhado de gilberto gil na deliciosa coisa bonitinha e de marcos valle no samba suíngue escape, que tem um solo de piano beleza total. joão donato tocou no início dos anos 60 em algumas temporadas no conjunto de cal tjader. e eu sou um alucinado por cal tjader, quem quiser saber mais, tem um artigo que escrevi sobre ele no amajazz. o link tá aí em cima no nome do cal, e nos links lá embaixo. along comes mary foi sucesso de um grupo pop, the association, e é bom pra jogar nas fuças de quem acha que jazzista não gosta de brincar com música popular…

donato me lembra orlandivo, que me lembra do durval ferreira, que me lembra da amanda bravo, e esta semana eu pensei muito na amanda bravo, e vou explicar isto mais abaixo, mas por enquanto, banda black rio, em seu primeiro e arrasador elepê e depois sharon jones & the dap kings, joe texas (sugestão do meu amigo escocês voador raymundão semple, que mora no…texas)
antes de ser christine mcvie no fleetwood mac, ela foi christine perfect, quase solo na vida e vale ouvir o disco todo, assim como também vale ouvir todo o disco de 2004 de jane birkin, que foi embora por estes dias e daqui pra frente todos os dias teremos alguém partindo e só nos resta saudar e lembrar delas. neste disco, jane faz duetos (sampleados, me pareceram) com figuras como caetano veloso (leãozinho) e com bryan ferry em uma das músicas mais assustadoras do roxy music. tão assustadora que nem vou escrever o nome.


rosinha valença dedilha uma london london calipso, manduka dedilha um violão richie havens e arranha um portunhol em seu período no chile allende antes do golpe…e entramos no momento novas e melosas canções para amar, bimbar e se preferir, sofrer : começando com l.r.mendes, depois com buffallo springfield, onde neil young começou a arranhar suas canções e depois mahmundi e mica paris. aí as irmãs lijadu chegam da nigéria e elza soares desce dos céus pra recolocar o mundo no modo o amor é uma flor roxa que nasce no coração dos trouxas.

avante com monty alexander numa versão instrumental de love and happiness, que só conhecia com al green, os catedráticos, conjunto espetacular que eumir deodato montou pra disputar uma fatia do mercado dos bailes, incluíndo na jogada a maior parte da banda do conjunto de ed lincoln, aqui, colocando samba no straits of mcclellan, que o spotifai credita ao don eliott, que de fato é o autor da música, mas nesta gravação não juvenal! é eumir e os catedráticos sambando tudo! voltamos ao modo canções para amar, bimbar e se preferir, sofrer: caetano cantando donato, silk-rhodes e vários timbres tristes pero belos, e de novo jane birkin, porque afinal de contas, o amor é azulzinho. e aí aparece a p.j.harvey com disco novo e o finlandês jimi tenor. é a hora de acender o cigarro.
o mistério das vozes búlgaras. e mais não digo

mais donato, do disco com eumir, donato & deodato; depois izo fitzroy, repeteco da semana passada, porque ela é demais. ponto. o jazz de yussef lateef, o blues de r.l.boyce via dan auerbach, o jazz de betty carter, o violão de rosinha de valença mais uma vez, o violão de garoto e o violão singelo, banal e so fucking cute de billie marten
toni bennet & bill evans days of wine and roses

os gatos (eumir deodato, durval ferreira, e outros da pesada) days of wine and roses
tim maia donatiando, beastie boys latinando, nino ferrer picareteando, archie bell & the drells suingando, patti smith simplesmente cantando.
como é foda o white stripes cantando my doorbell! e como é foda o john martyn, no caso aqui, dando canja no trabalho de the avener, dj e produtor, que não conhecia.
be thankfull for what you got poderia estar na sessão modo canções para amar, bimbar mas nesta aqui não dá pra sofrer. musicaço! na versão original com william de vaughan, na versão do massive attack, e nesta surpreendente versão do love, em disco de 74.
radiohead. por que não? donato e donatinho. orlandivo e o disco de 77 produzido por joão donato. e aqui um relato do henrique cazes, de uma história contada pelo próprio orlandivo:
Esse LP de meados dos anos 1970 foi feito pelo Orlandivo com arranjos do Donato, como é sabido. O início do processo foi um encontro de Divo com o arranjador e este lhe pareceu agoniado. Donato havia se separado, estava morando com a mãe na Tijuca e com isso não podia fumar e se inspirar para os arranjos. Divo então lhe revelou um truque. Foram até o banheiro, acenderam o aquecedor no máximo, abriram a água e deu como última instrução:_ Senta na beirada da banheira e fuma embaixo do aquecedor, que a fumaça sai pela chaminé. O truque funcionou, os arranjos fluiram e depois de algum tempo o apartamento foi visitado pela Cia do Gás, que detectou um consumo anormal, que podia ser vazamento. Mas ai, o disco já estava pronto. Essa história me foi contada pelo Orlandivo entre chopes e gargalhadas no balcão do Bracarense em 2004, quando o LP foi lançado em CD. Luz pra eles! Dupla de bossa e bom humor
amanda bravo me ajudou muito a não deixar a peteca cair no documentário que fiz com tárik de souza sobre o Sambalanço. amanda, pra quem não sabe, é filha de Durval Ferreira, monstro sagrado da bossa e de muitas outras bossas. se você não sabe, veja o filme e leia o livro. eu confesso, eu também não sabia. quando confessei meu desconhecimento ao meu primo músico, ele me disse, você se acha, mas se não sabe quem é o durval ferreira, você não sabe nada! e ele tava certo. durval explica no filme, de modo mais do que didático, como seu encontro com donato nos anos 50 foi fundamental para que ele mudasse sua forma de tocar violão. e amanda é uma incansável cantora, produtora, a responsável pela volta do beco das garrafas, pela realização de centenas de shows de músicos iniciantes e consagrados, que, por incrível que pareça, não tem onde tocar na cidade do Rio de Janeiro. e foi a amanda bravo que levou o joão donato pra falar sobre o sambalanço no beco.


vitor araújo, porque é piano romântico, triste, mas muito, muito bonito.
e joão donato pra encerrar a corda com terremoto.
é isto macacada! na corda bamba segue rebolando, quicando, pulando, virando, rolando e desejando pra todos muita PAZ e para mim PIX: fabpmaciel@gmail.com
beijos de gratiluz e xarope rum creosotado pra todos! e se alguém quiser saber: a foto de abertura deste post foi feita em peruíbe nesta semana.
LINKS, LINKS E MAIS LINKS!
para ouvir a trilha do donato em a vida é um sopro:
https://canalcurta.tv.br/filme/?name=niemeyer_a_vida_e_um_sopro
uma matéria sobre o filme de tetê moraes sobre donato:
o delicioso clip de uma coisa bonitinha
o texto que escrevi sobre cal tjader para o amajazz do chapa marcio pinheiro, que me dá uma tremenda colher de chá e me coloca junto com um monte de ninjas samurais da crítica musical:
e o time de donatistas que o márcio pinheiro reuniu (tô dentro)
manduka teve uma trajetória tão incomum e é tão pouco lembrado que vale aqui um wikipedia sobre ele: https://pt.wikipedia.org/wiki/Manduka
sobre as lijadu sisters:
don elliott e o estreito do mcclellan
para assistir o documentário Sambalanço, a Bossa que Dança
E A PLAYLIST!

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