Olívio Petit é um tipo em extinção. Explico: é carioca. Explico um pouco melhor: um carioca que nasceu, viveu (vive ainda) e conheceu a cidade quando ela ainda podia ser considerada um paraíso na terra. Principalmente para quem era filho da classe média pra cima e podia usufruir de tudo que rolava entre a Tijuca e Ipanema num quase verão sem fim. Verão sem Fim, aliás, é o nome de um dos primeiros filmes de surf da história. Passava na sessão da tarde nos anos 70. Pranchas gigantes em ondas maiores ainda. Tinha uma fala no filme que era mais ou menos assim: Arrumei a minha mala. Uma camiseta, uma bermuda e um band-aid. Mesmo sem ser surfista, Petit acabou fazendo os melhores filmes e programas de surf já rodados por aqui. Começou no cinema como assistente de Silvio Tendler, migrou pra televisão onde pilotou os arquivos da TV Globo, depois foi dirigir programas infantis na Manchete e mais tarde foi para a Globosat, onde ajudou a colocar o SporTV no ar. Não posso dizer que ele leva a vida na corda bamba. Mas também seria injusto afirmar que ele está sossegado nas areias escaldantes. Até porque o cara é carioca antes dos cariocas resolverem aplaudir o pôr do sol. E antes de seguir com a conversa, vale lembrar que na corda bamba e seu “ciou” -no caso eu mesmo- precisa muito de ajuda. Mufunfa! marafo! cascalho! Pode ser assinando nos últimos botões lá embaixo com as opções mensal e anual. Ou com qualquer valor no pix fabpmaciel@gmail.com Pra cima com a viga moçada!
Petit, como você entrou para o maravilhoso mundo do audiovisual? Eu ia ao cinema loucamente. Com 14 anos arrumei uma carteira de estudante falsificada e via tudo que era filme, gostava muito da nouvelle vague, dos filmes italianos…como eu sempre falei pra caralho e sempre achei que era um bom contador de histórias, quando eu fiz 15 anos meu pai me perguntou se eu queria fazer uma prova pra um concurso público da Caixa Econômica, onde ele trabalhava. Que lá eu ia me aposentar com 50 anos e pá pá pá…eu disse que eu queria fazer cinema e não tinha a menor intenção de me aposentar com 50 anos.

Ouvir os pais? Pra quê? Hoje eu sou aposentado. E o meu pai, que sempre foi um cara muito sério, muito dedicado às coisas que fazem a vida funcionar dentro de um parâmetro civilizatório, achou que eu tinha este direito. Eu já era Fluminense e ele Vasco, então ele me deu uma câmera super-8, uma moviolinha e um cortador de filme. E eu comecei a fazer umas bobagens, filmava surfista no quebra mar, cogumelo na fazenda…e em 73 eu virei diretor do jornal do colégio. No ano seguinte, eu vi um documentário sobre Getúlio Vargas feito pela Ana Carolina, era um documentário de arquivo. E eu sempre, desde pequeno gostei de conversar com gente mais velha, de dar papo pros velhinhos. Quando eu vi aquele filme contando a história do Getúlio, que na minha casa tinha uma certa situação- meu pai era udenista e minha mãe getulista- aquele filme me fez perceber que havia uma maneira de se contar uma história de forma jornalística, mas sem ser o jornalismo factual da televisão. Havia algo que podia ser chamado de narrativa.
Vou fazer uma observação aqui, de um lance que não rolou na entrevista. Esta parada familiar civilizada de mãe PTB e pai UDN (pra quem não sabe, a UDN hoje seria uma mistura de Patriotas, Centrão e adjacências, com o golpismo correndo no sangue de todos eles) o Petit sabe levar com maestria em seu feicibuque, onde hordas de milicianosmoronaristas se manifestam e como de costume, com parvoíces, para ser gentil aqui com o entrevistado. Eu nem de longe consigo ficar neste modo gentileza gera gentileza. Muito pelo contrário. Sigamos

Aí no final dos anos 70 eu tinha me formado em publicidade, mas como era meio rebelde, tava sem emprego. Resolvi voltar pra faculdade, pra fazer jornalismo. Na faculdade, um amigo me disse: o Silvio Tendler tá precisando de um assistente pro novo documentário dele, tá precisando de um cara disposto, que tope o que for preciso, que esteja mesmo com vontade de fazer cinema e foi assim que eu virei assistente de direção no Jango. Aí eu passei três anos num curso super intensivo de cinema documentário. E através do Sílvio eu comecei a frequentar o ambiente de cinema, os festivais. O Sílvio além de me deixar dirigir algumas cenas, foi me ensinando como montar uma equipe, como abordar um assunto conhecido de uma maneira diferente e trazer alguma novidade para ele, como abordar outros pontos de vista…e tinha o Chico Moreira, montador, que era do MAM, eu virei assistente de montagem também. O Chico me levava pro MAM e foi assim que eu fui entrando nesse barato. Quando acabou o filme eu arrumei um emprego de pesquisador no Arquivo de Imagens do Jornalismo da TV Globo. Eu tinha a vantagem de saber juntar palavras chaves. Em pesquisa, quem sabe juntar palavras chaves se dá bem. Imagens discurso Getúlio Vargas Estádio do Vasco. Pimba! Aparecia a matéria. Se colocasse somente discurso Getúlio Vargas, apareciam umas quinhentas. Também fui me ambientando no arquivo morto da Globo, que era o arquivo de filmes, e como eu sabia mexer na moviola, eu tentava recuperar coisas que eu achava interessante. Uma coisa me marcou e ficou na minha cabeça. Eu vivia num país de analfabetos, onde as pessoas aprendiam através de música e televisão. Eu percebi que a história tinha que ser contada por estas mídias.

Houve uma época que surfista e roqueiro no brasil era sinônimo de marginal, mesmo com os surfistas sendo filhos da classe média. O que mudou pra termos hoje tantos surfistas bunda-moles, reacionários e conservadores? Essa questão dos surfistas e dos roqueiros reacionários é uma coisa confusa. A rebeldia deles não era ideológica, era uma rebeldia juvenil. Era uma coisa de gente jovem querendo abrir espaço. Os surfistas estavam no embalo, mas não era um embalo ideológico. Na minha casa, a questão humanitária sempre foi importante, a minha mãe era uma católica fervorosa, mas de uma corrente humanitária, de ação social. E o meu pai começou a trabalhar com 11 anos de idade, não tinha porra nenhuma e sabia da dureza da vida. Eu não precisei ser rebelde. Eu só acompanhava a rebeldia da moda, tipo ler Herman Hesse, Garcia Marques, Pablo Neruda…Voltando aos surfistas, os surfistas eram quase todos de classe média alta, né velho? Então talvez por isto, eles demonstrem hoje esta tendência de se manifestar politicamente em favor da direita, do capitalismo. É uma turma mais Califórnia do que Indonésia…Eu filmei muito surfe, mas nunca surfei na vida.


Muita gente de fora do Rio gosta do filme das dunas, mas acha muito carioca. Eu rebato dizendo a obviedade das obviedades: é um filme totalmente carioca, as dunas ficam em ipanema!!! O Dunas é um filme carioca, porque eu e o Roberto Moura, dono da Massangana, a gente tem um amor e um afeto pelo Rio de Janeiro. Porque a gente viveu quando garoto aquele Rio de Janeiro de dormir dentro do ônibus voltando pra casa às três da manhã, de andar de bicicleta pelo meio da rua, de andar de moto sem capacete, aquele folclore todo que tinha em torno do Rio de Janeiro. Então a gente sempre tenta contar histórias de como o Rio era maneiro, não era esta confa que está aí hoje em dia. O filme realmente é carioca, ele fala sobre o Rio de Janeiro, mas não é um filme sobre gente boba. Eu me lembro que quando eu comecei a me interessar por cinema eu comprei um livro do Alberto Cavalcânti e neste livro tinha uma frase que eu nunca esqueci: Se você quiser fazer um filme sobre os correios, faça um filme sobre uma carta. A carta vai passar por todas as etapas dos correios, e você vai ter a oportunidade de ser mais lírico, mais transformador se contar a história da carta do que a história dos correios.

Então quando a gente começou a fazer este filme, a gente achou que deveria contar uma história que fosse restrita somente à um lugar, mas que fosse interessante para todos os lugares. Quando alguém me diz que este filme é muito carioca eu digo muito obrigado. Quando alguém me diz que é um filme carioca e eu me identifiquei com ele, eu digo muito obrigado. E quando alguém diz, porra, este filme é carioca pra caralho mas ele foi lá dentro de mim e me deu uma cutucada, eu digo muitíssimo obrigado. O barato é este. Eu não tenho interesse em ficar agradando as pessoas pra ampliar o público do meu filme. Vou te contar uma coisa, o Neville De Almeida, um sujeito que eu não tenho a menor intimidade com ele, ele ficou mexido com o filme, arrumou meu telefone com um amigo em comum e me ligou pra dizer que o meu filme era carinhoso, que hoje se fazem poucos filmes carinhosos. Quando acabou o telefonema eu quase chorei. A gente tratou aquele lugar, que eu não frequentei e o Roberto também não, a gente era muito novo pra frequentar aquilo, a gente tratou com muito carinho. E eu sou criado aqui, sou do subúrbio carioca. O Brasil é um país que apaga a sua memória, que destrói prédio velho, a gente tem muito pouca iconografia. O Dunas foi quase todo feito com super-8. E as pessoas se sensibilizam com as imagens. Eu e o Roberto a gente tem um ídolo: Ken Burns. O filme dele sobre a guerra do Vietnã, sobre o Jazz, sobre Mark Twain, a maneira como ele trabalha com a pesquisa de imagens de arquivo é fenomenal.


Independente da tragédia que o Rio virou, existe uma tentativa de se negar aquilo que é do Rio, não te parece? O carioca tá em extinção? O Rio era capital de um brasil pós-colonial, o Rio era a porta de entrada, Copacabana era nome de filme, era música de Carmen Miranda…Getúlio criou a Rádio Nacional pra ser um aparelho ideológico de estado de alcance nacional. Como foi a Globo na ditadura militar. Ambas com sede no Rio de Janeiro. Porque o Flamengo tem cinquenta milhões de torcedores? Porque o maior narrador, dos jogos do Flamengo, que passavam no domingo à tarde, era o Ary Barroso, que era flamenguista doente. E passava no Brasil inteiro. As pessoas viravam Flamengo em Belém, em Manaus, Cuiabá, chamando a camisa de manto sagrado. Junto com isto foi o sotaque carioca, que também tentou se transformar no sotaque nacional. Porque o carioca é narcisista pra caralho. Outro dia tava dando entrevista pra um amigo argentino, tava falando do Doval, eu falei pra ele que o Doval se deu bem pra caralho no Rio: mulher, praia, futebol e o nome dele é Narciso. E o Rio é a cidade mais narcisista do mundo.

A influência midiática do Rio de Janeiro sobre todo o Brasil, com todos os seus personagens, humoristas, nordestinos, negros, ricos, pobres foi criando uma certa antipatia com o resto…Na ditadura houve uma notória antipatia dos militares com a cidade, havia uma tradição de oposição ao governo federal na Guanabara…e o Rio deu uma nova interpretação ao que ele tinha de melhor: a malandragem. Ser malandro não era enganar os outros, era arrumar uma maneira de sobreviver. Era ter um espírito capaz de convencer uma pessoa a fazer alguma coisa que ela achava que não devia fazer para aquele cara, mas fazia porque o cara era um gogó de ouro. Tudo isto foi criando uma animosidade. Logo depois do fim do píer de Ipanema, veio a estocada final, que foi a fusão, o Rio deixou de ser cidade estado, jogaram um caminhão de areia numa Kombi. As rodas da Kombi arquearam. O píer de Ipanema foi o baile da ilha fiscal da Guanabara, foi a Santa Ceia, o Rio de Janeiro depois daquela porra, degringolou. Foi uma festa bonita. Eu sou da teoria da conspiração. Eu acho que houve um complô pra derrubar esta gente que se acha melhor que todo mundo. E o carioca se deixou levar. Ele achou e também acreditou que malandragem também é vagabundagem. Aí fodeu.
Você estava no SporTV quando começou a faixa dos programas com a Dora Vergueiro e as outras meninas. Por um lado eu gostava porque eram programas leves e certamente eles davam audiência. Por outro, eles eram rasos demais. É possível equilibrar isto num canal esportivo? Muitas vezes tinha a impressão que bastava falar uhu e terminar o episódio com uma fogueira na beira da praia que tava tudo resolvido… A Zona do Impacto do SporTV foi uma criação minha e da minha equipe, a partir de uma demanda do diretor do canal, o Guilherme Zattar, que via no público jovem dos esportes de ação um segmento muito bacana. O canal era cheio de jornalistas e o Zattar era um cara de marketing, um cara muito ativo. E ele me disse, vamos fazer um canal dentro do canal, um canal só para um determinado público, que entra duas vezes por dia, quando está chegando da escola no final da manhã ou no final da tarde. Então nós fizemos um movimento que transformou o SporTV no canal que mais usava produção terceirizada do mercado. Posso estar enganado, mas não me lembro de canal naquele momento que tivesse tanta produção independente. A gente inclusive defendia que a diferença estética viria deste fato, dos programas serem feitos por produtoras diferentes. A Zona de Impacto tinha um problema seríssimo: o público que gosta de vôlei e futebol não gosta de surf e base jump e o público que gosta de surf e base jump não gosta de vôlei e futebol, em sua grande maioria. Então a gente ia contra a tese do Walter Clark, do trilho de audiência, que foi uma das coisas que fez a TV Globo se transformar no que é. Você começava a capturar a audiência às duas horas da tarde e ia alargando ela até as 11 da noite, cada vez ia entrando mais gente, mais gente, mais gente. A Zona de Impacto quebrava quatro vezes o trilho. Quando entrava, quando saía, quando voltava e quando saía de novo. Mas o Guilherme Zattar fez um trabalho fantástico, então o retorno de visibilidade comercial foi tremendo. As crianças compravam cadernos com as meninas do Zona de Impacto na capa. Tinha mochila, etc…

O que você fala de programas rasos, era o seguinte: eu fazia um programa chamado Surf Adventures. Era um programa mensal e todo mês a gente reunia uma turma pra assistir, os surfistas, os filhos dos surfistas..e eu tentava enfiar no meio outras paradas. No programa do Chile eu meti um Pablo Neruda, que eu mesmo li num espanhol horroroso, e toda vez que entrava um bloco de cultura, que durava dois ou três minutos, a garotada toda levantava e saía, sem o menor interesse em saber sobre o deserto do Atacama, sobre o Rapa Nui da Ilha de Páscoa ou a neve da Ilha da Madeira, eles tavam cagando pra essa porra, só queriam ver onda rodando e rodando. Quando eu comecei a fazer o Zona de Impacto, tendo essa informação, a gente passou a privilegiar a questão da imagem e do som, não fala e texto, mas imagem e som. Quando o Zattar criou o Canal Off, ele falou que era pra ser um canal papel de parede, você fica ali olhando a televisão vendo aquelas imagens lindas e nem precisa saber onde é ou quem é que está ali.
Eu me lembro que uma vez o Bussunda me ligou dizendo o seguinte: Petit, tem uma homenagem à você hoje no Casseta e Planeta. Colocaram a Maria Paula com um biquíni apertado, ela tinha os peitos grandes, linda, com aquele bocão, aquela cara, e ela dizendo assim: gente, se eu não estivesse aqui agora, vocês iriam estar vendo uma imagem paradisíaca, de um lugar paradisíaco, uhu paradisíaco, uhu paradisíaco! A primeira transmissão de surf ao vivo na America Latina, foi feito por nós. Uma vez um cara da tv australiana veio me perguntar como a gente fazia um replay de dentro d´água na sequência da mesma bateria, e eu falei pra ele que a gente tinha dois caras com uma corda amarrada e o Chiquinho do caminhão de micro-ondas, que é um gênio. Ele furou o blimp, botou o cabo da câmera amarrado na cintura do cinegrafista e ficavam dois caras na praia segurando pra correnteza não levar ele embora, e a imagem vinha pelo cabo de um blimp furado. A gente tinha culhão. Hoje o canal voltou ao esquema do tal do trilho. Deve estar dando certo, os caras começam a falar de um assunto às 7 horas da manhã e só param as 11 da noite!
Você tem batido com frequência nos sites de apostas que tomaram conta do futebol brasileiro. Apesar do turfe, do jogo do bicho, da loteria, apesar da hipocrisia, eu acho que isto é um cassino. E o pior de tudo, todo dinheiro apurado vai pro país de origem, e se você quiser processá-los, tem que processá-los no país de origem! Caralho meu irmão, que é isto? E eles começaram a patrocinar os clubes da série A. A Copa do Brasil agora é Copa Betano do Brasil! Como é que pode o patrocinador de um clube estar envolvido em apostas que envolvem aquele clube! Ele ser a plataforma das apostas que envolvem aquele clube. E agora eu soube que os países europeus estão começando a legislar para acabar com essa porra, tem países que você não pode apostar em coisa negativa, cartão amarelo, vermelho, gol contra, pra evitar que o jogador faça um gol contra pra ganhar dinheiro. Não dá pra proibir mas é uma forma de diminuir a possibilidade dos caras fazerem isto. Todos os canais de televisão têm anúncio pra caralho, os canais de esporte, acho isto uma contradição alucinógena. Qualquer pessoa que pensa um pouco vai perceber a contradição que é um site de apostas patrocinar um time de futebol. Eu não sou contro o jogo. Sou contra site de aposta patrocinar clube e jogador.

Outra parada que tá muito estranha é que a gente não sabe mais onde assistir os jogos. Tem campeonato que passa no TNT, de vez em quando o porteiro do prédio onde moro reclama que alguns jogos do Flamengo, veja bem, do Flamengo não estão na tv aberta…Eu mesmo vi alguns jogos do Grêmio no Amazon Prime. Quando criaram o SporTV, a gente tinha o campeonato espanhol, o italiano era da Bandeirantes, a gente sabia onde estavam os jogos. Aí veio o Premiére. Até chegar a tv digital…Todo mundo animado, vai ser o maior barato, onde trafega a onda de um canal vai poder trafegar de cinco, vai ter muito mais oportunidade de trabalho. E eu pensava, pois é, mas me parece que o bolo financeiro não vai aumentar. É que nem a minha mãe, nas festas de aniversário que tem muita criança, ela faz umas fatias de bolo que são quase transparentes. Mas o bolo é do mesmo tamanho! Hoje os filhotes, os netos bastardos desta história, usam o manto diáfano da democracia para defender que todo mundo tem o direito de passar qualquer jogo. Mas o fato é que eu não sei onde passam os jogos do Fluminense! Eu pergunto no grupo de jornalistas amigos. Tem sempre uns dois ou três que me indicam canais piratas…-é uma zona, é muito confuso. A questão dos direitos autorais ficou maior do que o próprio evento. É como o técnico de futebol que ficou maior que o time inteiro, eu não consigo entender isto.
E para encerrar esta edição de na corda bamba, eu conto uma rápida história: Eu lamento não ter conhecido o Petit no início dos anos 2000, quando fiz pela Clearlight, algumas séries de programas, entre elas uma chamada PERSONAGENS DO FUTEBOL. No episódio sobre os Cartolas, abri com o Juca Kfoury dizendo: Deus quando criou o mundo colocou no Brasil os melhores jogadores e os piores cartolas. Aí vinha uma sequência de imagens horrendas em slow-motion dos cartolas brigando, invadindo gramado e outros barracos. Sobre elas, Otávio Augusto, que narrou a série, lia um poema do Paulo Mendes Campos, queria ver você cartola, suando no campo, correndo atrás da bola...Pois bem, o programa foi ao ar numa terça-feira à noite, e por acaso, naquela noite, eu estava na produtora editando. O telefone tocou. Eu atendi. Era uma gerente do SporTV furiosa, reclamando do episódio dos cartolas. Isto não pode, o Eurico Miranda é um amigo do canal, nós não vamos reprisar, etc, etc..No domingo seguinte Eurico Miranda, o amigo do canal, colocou o Vasco em campo na final do brasileirão ostentando na camisa o logotipo do …SBT! É isto moçada, acabei de perceber que nem falei com o Petit sobre outra paixão em comum: o estúdio Musidisc. Fica pra quando ele terminar o filme dele. PAZ! e PIX! fabpmaciel@gmail.com
LINKS! LINKS E MAIS LINKS!
o verão sem fim, filme de 1966
uma matéria sobre o documentário de Ana Carolina sobre Getúlio Vargas:
e o filme no youtube:
sobre os documentários de Silvio Tendler e o filme Jango
sim, ainda vale a pena ler herman hesse, gabriel garcia márquez e pablo neruda.
ok, 100 anos de solidão é o clássico. mas vale conferir este livro, jornalístico, mas com todas as manhas de um escritor de ficção:
alguns poemas do neruda pra você ler, antes ou depois do vuco-vuco:
/https://www.culturagenial.com/melhores-poemas-pablo-neruda/
sobre o DUNAS DO BARATO: https://filmow.com/dunas-do-barato-t245601/
o trailer das dunas:
Alberto Cavalcânti fez história no cinema inglês nos anos 30 e 40:
http://www.contracampo.com.br/71/cruzandoafronteira.htm
o filme sobre o correio inglês, vejam! e principalmente, ouçam!
o poema de auden traduzido:
correio noturno
Este é o correio noturno atravessando a Fronteira,Trazendo o cheque e o vale postal,Cartas para os ricos, cartas para os pobres,A loja da esquina, a vizinha.Subindo Beattock, uma subida constante:o gradiente está contra ela, mas ela está na hora.Passando pelo capim-algodão e pelos pedregulhos da charneca, Espalhando vapor branco sobre o ombro,Bufando ruidosamente ao passarQuilômetros silenciosos de grama curvada pelo vento.Pássaros viram suas cabeças quando ela se aproxima,Olham dos arbustos para seus treinadores de rosto inexpressivo.Os cães pastores não podem mudar seu curso;Eles dormem com as patas cruzadas.Na fazenda por onde ela passa ninguém acorda,Mas uma jarra em um quarto balança suavemente.Amanhece refresca, Sua subida é feita.Em direção a Glasgow ela desce,Em direção aos rebocadores a vapor ganindo por uma clareira de guindastesEm direção aos campos de aparelhos, as fornalhasColocadas na planície escura como gigantescas peças de xadrez.Toda a Escócia espera por ela:Em vales escuros, ao lado de lagos verde-clarosHomens anseiam por notícias.Cartas de agradecimento, cartas de bancos,Cartas de alegria de menina e menino,Contas recebidas e convitesPara inspecionar novos estoques ou visitar parentes,E pedidos de situações,E tímidas declarações de amantes,E fofocas, fofocas de todas as nações,Notícias circunstanciais, notícias financeiras,cartas com fotos de férias para ampliar,Cartas com rostos rabiscados na margem,Cartas de tios, primos e tias,Cartas para a Escócia do sul da França,Cartas de condolências para Highlands e LowlandsEscritas em papel de todas as cores,Rosa, Violeta, Branco e azul,O tagarela, o maldoso, o chato, o adorador,O frio e oficial e a efusão do coração,Inteligente, estúpido, curto e longo,O datilografado e o impresso e o soletrado tudo errado.Milhares ainda estão dormindo,Sonhando com monstros aterrorizantes Ou com um chá amigável aolado da banda em Cranston ou Crawford :Eles continuam seus sonhos,Mas logo acordarão e esperarão por cartas,E ninguém ouvirá a batida do carteiroSem uma aceleração do coração,Pois quem pode suportar sentir-se esquecido?
eu também sonho em um dia ser meia sola de ken burns:
https://en.wikipedia.org/wiki/Ken_Burns
ari barroso narrando jogo do Flamengo: https://www.youtube.com/watch?v=3ja9DJl95Wc
e alguns trechos da série que dirigi pro SporTV, Personagens do Futebol:

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