na corda bamba playlist 37 e cada geração tem a emilinha e marlene que merece e quem nunca cantou um cigarro e um violão este amor uma canção, pra fazer feliz a quem não se ama

A playlist 37 de NA CORDA BAMBA chega cheia de marra mandando na lata: aqui, a novidade de ontem é o velho de hoje. Aqui o tempo não para, congela e o ponteiro do relógio só anda pra frente e a gente escuta música de gente morta que tá muito viva, de gente viva que tá muito velha e de gente velha que tá muito nova. E é muito bom pensar que agora, no momento em que os adeptos do vivendas estão sendo enquadrados, agora que a turma do jornalismo sapatênis tá tendo que tossir de lado, é absolutamente saudável que o bananal volte a debater as questões que sempre foram fundamentais para nossa sobrevivência espiritual: quem é melhor? Emilinha ou Marlene? Chico ou Caetano? Fagner ou Belchior? Estas sim, são questões polêmicas. O furdúncio desta semana foi sobre quem vai herdar o troféu de rainha do rádio do mês, se Marina Sena ou se Luiza Sonza. As urnas eletrônicas já estão salivando e o supremo de frango já está deliberando. A corda 37 tá começando. Antes de ler, ouvir e replicar, assine nos botões vermelhos lá de baixo ou apoiem com qualquer valor no pix: fabpmaciel@gmail.com

tabatha lorena é demais!

Eu provavelmente passei as duas últimas décadas ouvindo o que já estava consagrado no meu cérebro de crocodilo. Tudo que ouvi e gostei entre a minha infância no meio dos anos 60 e a minha imaturidade nos anos 90. Depois, salvo uma que outra novidade, eu dispensava o que tava rolando. Até que eu resolvi mover o barco e os ouvidos novamente. Em parte, pelas ótimas dicas do Carlos Eduardo Lima no Célula Pop. Pelo repertório supimpa do Maurício Valladares no Ronca Ronca, do Phillip Johnstone em suas J.Pedra Sessions. Mas principalmente porque apareceu uma turma nova da pesada fazendo música boa de verdade.

roberta flack em chamas

A polêmica da semana não me diz muito. Eu gosto da Marina Sena. Simplesmente gosto. Gosto de sua postura, meio fruta gogóia rebolante. Ouvi e gostei sem ver ou sem saber quem era e de onde vinha. E coloquei aqui nas edições 18 e 19 da corda. Já a Luísa Sonza eu vi um pouco na tv e não me disse nada. A playlist de hoje tá cheia de uma turma de cantoras que são,vejam bem- são novidades para mim, e novidades maravilhosas. Do Rio, de São Paulo, da Bahia, de Pernambuco, Maranhão, Brasília, do Pará. E o lance foi colocar elas ao lado de outras cantoras, de outros tempos, de outras jogadas. Todas cabem na corda e principalmente, nos meus ouvidos e no meu coração. E desafio qualquer um por aqui, a tentar dizer que uma é melhor ou mais importante que a outra. Enquanto a gente ouve, a caravana briga.

Vou dar uma amostra da temperatura do conversê. Anderson França, postou isto e muito mais sobre Marina Sena. Sou leitor do Anderson França. E gosto mesmo quando discordo completamente dele. Anderson França bate do mesmo modo como o Paulo Francis batia nos anos 90. Dava raiva, mas fazia a gente pensar. E rir. Nesta semana, ele fez o papel de Aracy de Almeida.

Já o Mauro Ferreira, no Globo, escreveu um texto bacana e correto, mas um pouco Marcia de Windsor, a jurada nota 10 com o novo sempre vem. o texto tá lá embaixo nos links.

negadeza também é demais!

A playlist 37 abre pedindo benção para Keith Jarrett e ele abre o terreno para uma canção simplesmente espetacular e arrepiante, cantada por uma moça muito linda e talentosa que nasceu no Maranhão e vive no DF, prestem muita atenção em Tabatha Lorena. Na sequência, Roberta Flack convoca Moisés em disco de 1972, Negadeza, outra boniteza que veio de Olinda para o Rio, neta de Selma do Coco e filha de Aurinha do Coco, ela bate o pandeiro pra Aracy de Almeida cantar Batucada Surgiu. Aracy passou 3 décadas tendo que dizer as mesmas coisas até que um dia encheu o saco de carregar a alma e o caixão de Noel Rosa e fez um pedido para o jovem Caetano Veloso. A história está muito bem contada pelo Leonardo Davino no seu blog 365 canções, vejam nos links abaixo. Aracy também foi a jurada malvada no programa de calouros do Silvio Santos. Vejam a entrevista dela no link. E de novo, neguem que Aracy não conversa com a baiana de Feira de Santana Rachel Reis. E vejam como cai bem com o reggae riporongo de Amber Herzog Lyman, e como ela limpa o terreno pra uma moça que não veio pra fazer pose: Bia Ferreira. Ela é de Minas e tem um disco chamado Igreja Lesbiteriana, Um Chamado, e se o nosso mercado não fosse tão chinelo, a gente estaria ouvindo e discutindo este disco e não um chiquinho sonso…Bia diz que faz MMP, música de mulher preta e não sou eu que vou rebater esta parada. Muito pelo contrário. Inclusive recorro mais uma vez ao Zeca Azevedo e ao John Lennon pra continuar esta conversa:

“I was given back my body in the 1950s by Black music. I appreciate it, and I’ll never stop acknowledging it – Black music is my life.”

– John Lennon, 1972

a gente precisa de bia ferreira

E seguimos com Sandra de Sá, Afroito, Mestre Curica, Forró in the Dark, The Doors e John Lennon, porque a gente anda precisando ouvir bastante John Lennon novamente.

rachel reis é muito demais
duo àvuà

O Antonio Carlos Miguel escreveu um texto bem bacana esta semana no Amajazz, com o ótimo título de Viva a Música Impopular. Devo ser um pouco mais novo que ele, mas assim como ele, também descobri Erik Satie através do Blood, Sweat & Tears. E o texto dele fala deste nosso direito sagrado, de também não embarcar em qualquer bobagem.

O bonde segue com o Wah Wah Watson, prêmio de melhor capa da semana, com Roy Ayers e George Shearing mostrando como um ultra cool pianista de jazz pode fazer pop misturando soul e música latina. Depois vem uma beleza chilena, Los Insobornables, que peguei de uma das sessões do J.Pedra. Se liguem em John Lucien um cantor que não chegou a fazer muito sucesso, mas ouçam que boniteza, tão bom que coloquei duas faixas seguidas. Luedji Luna já virou titular da corda bamba e é uma beleza ouvir ela cantando Nada Será como Antes e também é uma beleza ouvir Avuá, da dupla Jota.Pê e Bruna Black, seguidos por Tom Zé cantando A Felicidade e pela Julie Driscol acompanhada do órgão de Brian Auger cantando A Road To Cairo.

é elementar, wah wah watson levou a melhor capa

Carlos Eduardo Lima ganhou o prêmio de correio elegante da semana, quando colocou a legenda: dissertem! para a lista abaixo:

Avante com o maravilhoso Jalen Ngonda, com uma música que a Miriam Arvelino de Paula, meu amor, gosta muito e eu também, Darling be home soon, com The Lovin´n Spoonful e vamos para New Orleans com o espetacular Fats Domino, voltamos pro BR com Eloah cantando pra Xangô, e voltamos novamente pra terra que um dia foi do rei Luís, com Dave Bartholomew, vai e volta com Elton Medeiros, uma escala em Montreux com Marlena Shaw, dos Alpes pra a Filadélfia com The Tramps, que eu vi no Gigantinho e avante com os Turtles, que Antonio e Vicente adoram porque toca no Meu Malvado Favorito e cada geração descobre de um jeito diferente. O Fernando Moura mandou uma faixa de um disco que ele produziu e também tocou homenageando o ninja Lanny Gordin. E novo zig-zag com André Wiliams, Lee Dorsey, Allen Toussaint, Ednardo, e de outra dobradinha de ontem e hoje com Flora Purin seguida por Tássia Reis, que veio de Jacareí pra cantar bem forte e bem lindo na palma da mão.

impossível resistir à tássia reis

O jovem Barney Wilen foi incentivado por uma amigo de sua mãe a virar saxofonista de jazz. O amigo da mamãe se chamava Blaise Cendrars.

o nome dele é shintaro sakamoto e o nome dela eu não sei

E a corda caminha pro final, numa sequência entre o balançante e o aconchegante, com The Kinks, Shintaro Sakamoto, Gal Costa, Claudinho e Buchecha, Bia Ferreira novamente, Nancy Dupree, James Brown (olha aí freulein menininha Andrea Fenzl), Gilberto Gil e Keith Jarrett fechando esta playlist. Tinha tempo que eu pensava em colocar o Koln Concert por aqui. É pra ouvir com todos os sentidos. E ela vai pro meu amigo e irmão Tagore Pereira, que sabe como este disco foi matador pra nossa geração. E segue sendo, e vai ser pra outras. E nos links, confiram o texto de Tárik de Souza, amigo, parceiro e mestre dos magos, onde ele desvenda um mistério da música popular. Nem tudo é lenda na MPB. Muita lenda é verdade mesmo.

Corcovado

Tom Jobim

Um cantinho e um violão
Esse amor, uma canção
Pra fazer feliz a quem se ama
Muita calma pra pensar
E ter tempo pra sonhar
Da janela vê-se o Corcovado
O Redentor que lindo
Quero a vida sempre assim com você perto de mim
Até o apagar da velha chama
E eu que era triste
Descrente deste mundo
Ao encontrar você eu conheci
O que é felicidade, meu amor

Eu tenho um grupo de amigos, reais, virtuais, que semanalmente escreve, fala, ouve, publica, implica, replica, debate e de vez em quando briga (sem feridos) por música. É uma turma que tem carlos eduardo lima, zeca azevedo, onaicram loures, márcio pinheiro, pedro serra, kl bahia, phillip johnstone, ayrton mugnaini jr, jules rimet, cristiano bastos, denilson monteiro, de vem em quando o haroldo mourão aparece, o achiles chirol também. Todos levamos a porrada de perder uma de suas figuras mais ativas e elegantes; Fabian Chacur. Fica aqui nossa tristeza (acho que posso falar por eles) e um abraço para sua família. PAZ!

keith jarreth em colonia fazendo a gente se emocionar desde 1975

a foto da capa é de rocheli costi, e acho que ela iria gostar das músicas desta playlist.

LINKS, LINKS E MAIS LINKS:

uma matéria de 2018 sobre Tabatha Lorena, pra gente ver que mesmo a novidade já tem um tempo de estrada: https://tvbrasil.ebc.com.br/bravos/2017/09/thabata-lorena-representatividade-negra-e-empoderamento-feminino

o instagram de negadeza: https://www.instagram.com/negadezaa/

sobre aracy e a voz do morto: http://365cancoes.blogspot.com/2010/08/213-voz-do-morto.html

e aracy cantando a voz do morto:

a jurada malvada aracy de almeida

se aracy era a jurada malvadinha, marcia de windsor era a jurada nota 10, e com ela era só alegria. não achei vídeo dela, mas segue uma matéria:

https://memoriascinematograficas.com.br/2022/10/a-elegante-marcia-de-windsor-jurada.html

o texto de mauro ferreira:

https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2023/09/11/a-musica-brasileira-esta-viva-e-em-movimento-porque-o-tempo-nao-para-e-cada-geracao-tem-os-proprios-idolos.ghtml

o instagram de rachel reis: https://www.instagram.com/rachelreisc/ e o de bia ferreira: https://www.instagram.com/ferreirabiaoficial/

uma matéria de 2019 com bia ferreira:

https://www.brasildefato.com.br/2019/09/08/cota-nao-e-esmola-or-cantora-bia-ferreira-fala-sobre-musica-como-artivismo

o texto do antonio carlos miguel no amajazz:

Duo Avuá: https://www.instagram.com/duoavua/ e Tássia Reis: https://www.instagram.com/tassiareis_/

Tárik de Souza explica o enigma do cigarro e do violão em La La Lana:

e a lana no progama do Tárik!

marcos valle 80 anos, acompanhado por uma turma “prafrentex”

indiferente aos novos, aos velhos e aos brasileiros, phillip johnstone colocou na roda esta parada alucinante vinda da colômbia:

e antes da playlist, alguns avisos:

helder aragão mandou avisar:

música para pensar na casa lontra

hernani heffner mandou avisar:

éramos todos amadores

E A PLAYLIST!