a semana teve greve em sp. teve jornal fazendo cafuné no governador de sp. teve tiro e assassinato no rio. teve krenak chegando na academia. vale lembrar:
não adianta elogiar krenak na academia e defender miliciano privatizador.
na corda bamba sem um tostão furado, está na rede, e se o jornalismo dos grandes é chinfrim, a playlist deste blog chinfrim é grande e legal pra caramba.
beijos na carótida.

A playlist nº 40 de Na Corda Bamba abre com uma das minhas bandas favoritas dos meus onze anos, e embora minha mulher e muitos amigos e amigas afirmem categoricamente que eu continuo com onze anos, os onze anos deste disco na minha cabeça não são onze anos linha kid morangueira, tipo buraco na parede, pulando muro, concurso de pipoca e pelo na mão. Eu não entendia absolutamente nada do que Phil Collins estava cantando, mas aquelas músicas me levavam para um épico de cruzada, um evento celestial cósmico e eu ainda não frequentava o marafo do bom. o lance é que entre 1976 e 77, o álbum A trick of the tail não saiu da vitrola, assim como não saíram também outros do genesis: Foxtrot, Wind & wuthering…e eu nem sabia que Peter Gabriel existia. E quando fui com meu primo Marcelo ver a banda levar pedra no Gigantinho, deixado na porta pelo meu pai – doce vida de guri classe média anos 70 – aí sim, fiquei fã da banda. Nos anos 80 ainda gostava, mas já era outra coisa, que nem de longe me levava pras viagens celestiais dos onze anos…

Osvaldo Nunes o herói do “deixa meu cabelo em paz”, o homem que reinava na Lapa e arredores, do samba e do batuque, da música de carnaval e de santo, Osvaldo Nunes é o cara que consegue misturar macumba com jovem guarda. Cordabambantes! Atentem para o Canto da sereia de osvaldo nunes junto dos cabeludos do The Pops.

Yma Sumac pertence à um outro mundo, um outro tempo, um outro planeta. Mas se ela baixasse hoje na Augusta ou no Baile do Sarongue do Marcus Wagner, ela causaria. A voz da cantora peruana -que tinha o aristocrático nome de Zoila Emperatriz Chavarri Castillo alcançava cinco oitavas e levava todos automaticamente para outra dimensão. Sem falar que era uma figuraça, aí sim, daquelas que nos fazem voltar aos 11 anos do kid morangueira.

Em 1968 a bossa nova ainda seguia nas paradas e Harry Belafonte gravou Manhã de carnaval e outra que se não era bossa ela deixou com cara de: You time, aqui na playlist pra trazer a rapaziada de volta de Marte… Acho que ainda era pandemia quando ouvi a Janet Kay cantar Silly games no Ronca Ronca. Foi tão acachapante que ouvi a música umas dez vezes seguidas naquele dia, coloquei vídeo no feicibuque, umas 50 pessoas me escreveram falando “mas como você não lembra da janete???!!!” “que foi sucesso total por aqui, como ???” Pois é, não lembro, lembro da Janet Clair, da Kay, não, muito prazer, e é por isto que eu nunca vou abandonar o ronca, por isto e também por outras paradas como as que rolaram na semana passada, quando Maurício Valladares colocou pra tocar o lado b jamais tocado do álbum duplo do Jess Roden (outro que descobri, décadas atrás, também no ronca). E o ruído esquisito ficou no ar. E o Maurício ficou esperando um contato de Marte. Como o contato não apareceu, pelo menos naquela quinta à noite, ele resolveu tocar My way com Frank Sinatra está resfriado, e aí o sancho Nandão falou com aquela chinfra educada que só ele tem, falou o que tenho vontade de falar desde que a Mia Farrow trocou os olhos azuis pelo Bebê de rosemary: maiuei é chato pra casseta!

Só uma palavra define a versão de Gilberto Gil pra Table tennis table: deliciosa. É clichê, mas é isto: é a Bahia chegando na Jamaica, é uma alegria que certamente eles devem ter, mas que não sabem soar como a nossa. É outro clichê, mas…também acho demais Girlfriend is better com os Talking Heads, que o Funkapolitan é da pesada, um ilustre desconhecido da disco & funk que já toquei aqui nas playlists 18 e 24, e volto agora por um simples motivo: eles entendem do riscado quando o assunto é balaco disco clube e refrão de baixo sacolejante e guitarrinha fazendo tectictectictec antes de Eliana Pittman e seu pai adotivo Booker Pittman chegarem sambando no repertório de Duke Ellington, e de Zito Righi e sua banda nos levarem para a alucinolândia, que é o nome de seu disco de 1969.


The Rolling Stones com música nova nas paradas com participações especiais de Lady Gaga e Stevie Wonder. O blues se chama Sweet Sounds of Heaven. Caetano Veloso em Tempo de Estio, do disco Muito dentro da estrela Azulada que tem um piano caribe muito lindo do Tomás Improta, que é o cara dedilhando Risque com a sua elegância de sempre. Juanita Euka é sobrinha de Franco, rei da rumba zairense, quem viu African Pop do Belisário Franca e do Hermano Vianna na tv manchete num outro século, sabe do que se trata. Juanita Euka nasceu no Congo e cresceu na Argentina e canta com dengo sobre os camaradas que trabalham todos os dias…logo depois vem Gaby Moreno com o Mexican Institute of Sound cantar como estamos enamorados e a baterista panamenha Jas Kayser mostrar que sim, o jazz vai continuar.


Rita Lee pirateando, Evinha bolerando, Robert Plant e Alison Krauss na cartomante, Fun Boy Three plantando ervas e são cinco e cinquenta e cinco e Charlotte Gainsbourg acorda com os olhos bem abertos, Luis Eça e Astor recordam dias passados, e Edu Lobo e o Tamba Trio fazem uma resolução. Esta música é do primeiro disco do Edu com o Tamba na Elenco. Aqui erradamente o spotify credita como disco do Tamba ao vivo no Teatro Paramount.



Zezé Motta, Joan Armatrading, The Staple Singers e Beck. Satisfeitos?
O gato do Rubinho Jacobina morreu, o vento deu no matagal e no bambuzal, caramanchão, matão, aluvião e o vento deu na manga sudoeste do João Bosco com capim na vara coração de Paulo Emílio, e o trem de Bob Marley está chegando, trazendo Jon Batiste, a inacreditável reunião de Franz Ferdinand com os Sparks, Ultravox, Charlotte Gainsbourg bisando e a maravilhosa poesia da velha cornitude do Abaeté:
afogo numa lata de cerveja,
o gosto do seu batom cereja…
nervoso eu acendo um cigarro,
desfaço a tristeza e me calo…

Voltamos diretamente de Tucson, Arizona, com a Orkesta Mendonza, seguida por Baco Exu do Blues, que não é um baco exu do blues qualquer, é o responsável pelos samplers mais incomuns e se a chinelagem não imperasse, a turma do Merleau-Ponty da Teodoro Sampaio estaria discutindo seus versos e também os da Thabata Lorena que é a continuação perfeita pra esta parada que vai adiante com a navilouca de Pedro Luís e a Parede, com o amor na Vila Sônia, cantado por Rodrigo Campos e Luisa Maita, e depois cantado tin tin por tin tin por João Gilberto, depois por Tiganá Santana, que também tá na Bienal, pela Lucina, da dupla Luli e Lucina, pelo Luis Cláudio, que eu não conhecia, um violão e um repertório de primeira em disco da Musidisc, e ainda com Nina Simone seguida por Claudya numa música balaco de luz.
Disco novo do Pretenders. Sem mais para o momento, de uma das melhores bandas de todos os tempos. Escolhi, não por acaso a faixa Losing my sense of taste. Na sequência tem IZA.

A corda caminha pro final com dois bambas, Heitor dos Prazeres na voz de Mário Reis e Paulinho da Viola cantando os versos maravilhosos de Hermínio Belo de Carvalho e Paulo Cesar Baptista de Faria em Timoneiro:
E quanto mais remo mais rezo
Pra nunca mais se acabar
Essa viagem que faz
O mar em torno do mar
Meu velho um dia falou
Com seu jeito de avisar:
Olha, o mar não tem cabelos
Que a gente possa agarrar
Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
É ele quem me carrega
Como nem fosse levar
É ele quem me carrega
Como nem fosse levar
Timoneiro nunca fui
Que eu não sou de velejar
O leme da minha vida
Deus é quem faz governar
E quando alguém me pergunta
Como se faz pra nadar
Explico que eu não navego
Quem me navega é o mar
Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
É ele quem me carrega
Como nem fosse levar
É ele quem me carrega
Como nem fosse levar
A rede do meu destino
Parece a de um pescador
Quando retorna vazia
Vem carregada de dor
Vivo num redemoinho
Deus bem sabe o que ele faz
A onda que me carrega
Ela mesma é quem me traz
Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
É ele quem me carrega
Como nem fosse levar
É ele quem me carrega
Como nem fosse levar
Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
É ele quem me carrega
Como nem fosse levar
É ele quem me carrega
Como nem fosse leva
E na corda bamba quem abre fecha e a playlist 40 encerra com o Genesis mandando aquele abraço, bom final de semana, boa semana, boa palavra, boa festança, boa lambança. PAZ!
Quem quiser pode assinar a Corda nos botões vermelhos alí embaixo ou fazer um pix de qualquer valor para o email fabpmaciel@gmail.com
Saravá!
a foto da capa é minha e se chama vendendo são paulo por meia mariola
LINKS! LINKS E MAIS LINKS!
Já existem propostas, de congressistas de esquerda é claro, para que o transporte público continue público e melhor ainda, gratuito:
em porto alegre, o prefeito, um nefasto negacionista golpista, privatizou de forma vergonhosa a empresa de ônibus municipal: https://sul21.com.br/noticias/geral/2023/10/privatizacao-da-carris-entre-a-perda-de-controle-publico-e-a-promessa-de-que-nada-ira-mudar/
o genesis em 1976-77:
http://www.beatrix.pro.br/mofo/genesis02.htm
yma sumac em o segredo dos incas, 1954
e num vídeo sem sync dela cantando num hotel em dallas: eu tô alucinado ou a moça que está junto com ela é a betty page?
incas venusianas peruanas transitam livremente entre nova iorque e moscou:
janet kay no top of the pops:
a reportagem de gay talese sobre frank sinatra que mudou o jornalismo e a imagem de frank sinatra: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/como-o-resfriado-de-frank-sinatra-resultou-em-uma-das-maiores-reportagens-da-historia.phtml
a baterista panamenha jas kayser dica do chapa quente luis marcelo mendes:
e sua página nas redes:
https://www.jaskayserdrums.com/
E A PLAYLIST!

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