na corda bamba recarregando a bateria pra botar pra quebrar

“Saturado de bebericar uísque e ficar olhando para a cara de um garçom careca e sonolento, Horace Young Kirkpatrick abandonou o bar do navio Queen Anne e passou para o convés. Não havia ninguém por perto e ele se instalou numa das inúmeras cadeiras de repouso. Relaxou os músculos e ficou observando o cenário com um olhar preguiçoso e sem objetivo. Soprava uma brisa suave, o barco oscilava indolentemente e uma lua prateava o mar tranquilo. Respirou fundo sentindo uma pontada de frustração. Ali estava um cenário talhado para se contemplar com uma garota ao lado, em uma viagem de férias e sem preocupações. Mas ele estava sozinho e não faria turismo. Uma missão da CIA o esperava em Vanua Levu. E uma missão da CIA é sempre sinônimo de preocupação e perigo, quando não é uma porta aberta para a morte.” Este é o começo de Perigo nos Mares do Sul, de Mark A.Luke. Procure pelo autor na internet e você vai encontrar uma dezena de títulos em oferta, mas nenhuma linha sobre ele. Luke é o pseudônimo de Antonio Miguel Vera Ramirez, um espanhol que fundou nos anos 50 uma das primeiras editoras de livros de bolso no Brasil. Mas pode ser que Perigo nos Mares do Sul tenha sido escrito por José Carlos Ryoki de Alpoim Inoue, que escrevia em média 100 páginas por dia e que publicou 1086 livros, se valendo de quase 40 pseudônimos diferentes! Mesmo deixando de lado o romantismo, ganhar a vida escrevendo por encomenda ainda tem seu apelo. Passar o dia imaginando histórias de detetive no Caribe ou westerns em Montana é melhor do que carregar pedra ou dirigir um Uber. Mas quem iria ler ou comprar um pulp hoje em dia? Só tipos como eu, em semana de férias. Comprei dois. Como recusar livrinhos com capas feitas pelo Benício? Então é isto, quem não tem dinheiro pra ir pros mares do sul, vai de livrinhos de bolso. Na corda bamba tá na rede em ritmo de férias, mas aguardem que vem chumbo grosso por aí. Saravá!

você lê ou você fica olhando a capa do benício

Boa parte da playlist de hoje saíu da lista dos melhores de 2023 da Célula Pop, do chapa quente Carlos Eduardo Lima. Começamos pedindo benção pra Ítallo França, um jovem de Arapiraca, Alagoas que nos mostra como ainda é possível beber em tropicalismo, psicodelia e ritmos regionais deixando tudo com cara de 2024.

ítallo: já não existe medo

Rogê tava junto com Ed Lincoln, Orlandivo e Durval Ferreira nos shows do CCBB organizados por Henrique Cazes, que no início dos anos 2000 ajudaram a trazer o sambalanço de volta à cena. Morando em Los Angeles, ele reaparece com este disco cheio de suíngue e balanço.

Tente resistir e não dançar com Volcano.

Ontem eu vi um pelicano na televisão, na beira do mar, e como era feio o mar daquela praia. Amanheceu e uma andorinha televisiva tentou me fisgar

Do mesmo modo que é impossível resistir aos livrinhos com capa do Benício, é impossível não gostar de uma música que se chama QUERO MORAR NO CANAL OFF! Uma música que diz que a praia é feia. Se liguem Olivio Petit, Gustavo Gama e Sylvestre Campe . Flu e Carlinhos Carneiro acabaram de colocar nas paradas este discaço.

o clube do irmão flulinhonheiro

Em 2006 a revista Mojo convidou Roger Daltrey e Pete Townshend para escolherem suas canções preferidas pro cd que vinha encartado na revista. Foi a primeira vez que ouvi Antony & The Johnsons, que aparecia com uma canção arrebatadora. Antony hoje se chama Ahnoni & The Johnsons, e não importa se ele ou ela, continua causando impacto.

Roger Waters redux? Sim.

Ella Fitzgerald melhora qualquer canção. Este disco de 1969, que ela fez pra conquistar um público mais “jovem” vai acabar rolando inteiro aqui na corda.

BaianaSystem & Patche di Rima, catando concha pra fazer um colar de miçanga pra ela.

Bill Whiters. Ouse não sacudir o esqueleto.

still bill sempre

The Cyrkle, The Coral, e o inacreditável Bobby McFerrin

muito mais do que be happy

Afroito tocaria em todas as rádios do Brasil, se existisse rádio no Brasil.

Rodada com Guinga, Les Mccan, Samba do Pedrinho com Fredgard e os Maruis, Rodrigo Campos com Maria Beraldo, Chico Buarque e Instituto. Sambas de ontem e de hoje com um jazz balaquinho no meio.

Nos anos 70 todo mundo falava e todo mundo lia mas ninguém ouvia. Todo mundo sabia mas ninguém conhecia. Agora, com a rede, os poucos discos do The Nice, banda inicial de Keith Emerson, estão facinhos por aí.

Bonde em movimento com David Bowie, Chelsea Carmichael (dica do ninja Luis Marcelo Mendes). O saxofonista Alexandre Caldi e o pianista Itamar Assieri fizeram um disco supimpa com versões dos afro-sambas de Vinícius e Baden e o italiano Giorgio Tuma também fez um disco bacanudo We Love Gilberto, em homenagem à João Gilberto.

chelsea jazzy

Oas parece nome de construtora, mas é o nome do disco da banda Dina Ogon e eu nem sei como coloca aqueles dois pontinhos em cima da letra O e nem só de ABBA vive o pop escandinavo. Eles cantam em sueco, mas na linguagem universal da mela cueca, certamente a Ingrid está chamando o Gustavson na chincha e a Britt mandando recado dizendo que tá com saudades do Olafsson, reclamando que eles nunca mais deram nem gritos e nem sussurros.

Stealers Wheel será sempre lembrada pela escolha de Tarantino, (stuck in the middle with you) em Cães de aluguel. O que vale saber: a banda tinha outras pepitas. E a banda tinha um cara no comando chamado Gerry Rafferty!

The Black Keys com single novo na pista.

Filipi Catto ataca de Negro Amor, Lô Borges pede pra esperar na estação, Mahmundi diz que ela é foda, os Sparks vencem o relógio, Flu e Carlinhos voltam dançando, Meirelles e Orquestra choram em Madureira, Jorge Ben quer paz e arroz, Rogê ataca um violão jorgebenbenben, Paul Simon foge da polícia com cuíca roncando e o Bixiga 70 fecha esta rodada fazendo barulho.

Letras aparentemente simples e totalmente geniais:

I told you, baby, how I feel
One word can close this deal
Baby, be my queen of hearts
Please gimme that love you’ve got
A-won’tcha say yes?, don’tcha say no
Make me feel good, Kiddio

Maybe I’m just wastin’ time
Can’t get you off my mind
You could make me feel so good
I know you could if you only would
A-won’tcha say yes?, don’tcha say no
Make me feel good, Kiddio

I wrote you a six-page letter
I called you on the phone
But you started talkin’ ‘bout the weather
Kiddio, don’tcha know that’s wrong?

I can’t stand this playin’ ‘round
Help me up, don’t let me down
Kiss me baby, tell me so
If you love me, let me know
A-won’tcha say yes? don’tcha say no
Make me feel good, Kiddio

I wrote you a six-page letter
I even called you on the phone
But you started talkin’ ‘bout the weather
Kiddio, don’tcha know that’s wrong?

I can’t stand this playin’ ‘round
Help me up, don’t let me down
A-kiss me baby, tell me so
If you love me, let me know
A-won’tcha say yes?, don’tcha say no
Make me feel good, Kiddio

Make me feel so-uh-oh oh good, so, so good, Kiddio

Esta é a letra de Kiddio, sucesso de 1961 e cantada por Brook Benton

brook benton não quer saber de enrolation

Três novidades cariocas que são do balaco: Raquel Dimantas, Ovo ou Bicho e Tunico. Três paradas diferentes juntinhas aqui na corda.

Na curva, abrindo para os 100 metros finais: Can, Steppenwolf, Hugh Masekela, Henrique Cazes, Irmão Victor, Julie London, Romulo Fróes com Rodrigo Campos e Os Ritmistas.

A corda fecha com Íttalo e avisa que tá pronta pra 2024 e já nesta semana vai botar pra quebrar. Aguardem, assinem, apoiem com qualquer valor (qualquer valor mesmo!) no pix fabmaciel@gmail.com

Saravá! Peace and Pix!

a capa da corda de hoje é de um livro ilustrado por benício. acima, os mares do sul.

LINKS! LINKS E MAIS LINKS!

inoue ainda está na área:

inoue na folha: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/4/07/ilustrada/13.html

uma matéria sobre os pulps no brasil:

o instagram de benício:

https://www.instagram.com/joseluizbenicio/

gonçalo jr, o mesmo autor do obrigatório A GUERRA DOS GIBIS, fez uma biografia de benício:

chelsea carmichael em paris:

brook benton no ed sullivan:

ovo ou bicho!

A PLAYLIST!