Atendendo aos inúmeros pedidos a sessão Nada Supera a Vida Real está de volta, agora aqui Na Corda Bamba. Hoje em Porto Alegre, a chuva impediu que Jesus Cristo fosse crucificado. Aos infiéis incrédulos, mato a cobra e mostro o vídeo, provando que pelo menos nas margens do Guaíba, Jesus não corre perigo algum.
Esta semana os jornais deram destaque ao brasileiro que descobriu uma brecha na legislação americana e morou de graça por quase 5 anos em um hotel de Nova Iorque. O cara foi além, descobriu outra falha na lei e virou proprietário do hotel! Nas manchetes da Folha e do Globo, ele é o brasileiro Mickey Barreto, que se diz descendente de Cristóvão Colombo, mas como ele nasceu em Uruguaiana com o nome de Miguel Abraão Muniz Barreto, nas manchetes dos jornais do Rio Grande ele é o gaúcho trambiqueiro tipo exportação, orgulho da nação. A notícia vai no link. Mickey me lembrou, em proporções menores, a história de Artur Alves Reis, um comerciante português falido que nos anos 20 conseguiu aplicar o maior golpe financeiro da história de Portugal, um golpe tão inacreditável que quase quebrou o país e alguns bancos ingleses também. Trambiqueiro que quebra banco deveria ter 100 anos de perdão. E pra encerrar o nada supera, economistas da Faria Lima estão preocupados com a diminuição dos índices de desemprego. Nada supera a vida real e nada supera a cretinice dos economistas do mercado. Na corda bamba com um ovo, dois ovos e três ovos assim está na rede.
na playlist#66:
A playlist 66 de na corda bamba aproveita que é páscoa e só pra contrariar, começa com os tambores que bateram em Orfeu do Carnaval, filme que o francês Marcel Camus dirigiu no Rio no final dos anos 50. Saravá Vinícius de Moraes que escreveu a história e que ficou puto com o filme e é fácil de entender porque. Alegórico, fantasioso, idílico, escapista, mostrava um Rio idealizado de macumba pra turista. Mas o filme fez um tremendo sucesso e trouxe mais turistas pra cidade, quase todos sonhando em encontrar uma Eurídice ou um Orfeu pra chamar de seu.
Neil Young voltou para o spotify. Pra compensar o tempo que o cara ficou de fora, sapequei logo 4 faixas. 4 obras primas. Começando com Old Man e Tonight’s the Night.
Gary Clark conseguiu fazer uma música tipo Stevie Wonder tão bacana quanto as do Stevie Wonder. Também conseguiu convocar o próprio Stevie Wonder pra cantar junto e ficou uma maravilha. Se ouvisse no rádio e se tocasse no rádio, eu poderia chutar que é do Stevie Wonder . Abaixo uma palhinha da letra, que não é exatamente alegrinha.
What about the children/E as crianças?
Playin’ in the streets/ Brincando nas ruas
Dreaming of that good life/ Sonhando com aquela vida boa
No shoes on their feet?/Sem sapatos nos pés
Where is their mama, where is their daddy?/Onde está a mãe deles, onde está o pai deles?
They need some badly/Eles precisam muito de alguns
We all agree, yeah/Todos concordamos, sim
We can all agree, yeah, huh/Todos podemos concordar, sim, hein
It doesn’t matter when life is shattered/Não importa quando a vida está destruída
To honest people like you, yeah/Para pessoas honestas como você, sim
Honest people like you, yeah/Pessoas honestas como você, sim
Greyhounds. Uma dupla texana. Um na guitarra e outro nos teclados. Convocaram um baterista de NY e um baixista. É só o que eles precisam pra fazer um festerê. Música com letrinha feita em rotuladora e escrito na fita: foda. Ouça alto no carro ou onde você estiver.
E pensar que eu levei quase 7 anos pra ouvir com atenção este disco da Ava Rocha que é bom do começo ao fim. Antes tarde do que mais tarde.
Otto continua a macumba com Exu mandando avisar que os anjos do asfalto estão em todo lugar.
Ulysses Malachi tem nome de brincadeira James Joyce e se eu nunca encarei o tijolão tampouco encontrei alguma linha sobre o dono desta voz. O engano se esconde no desvão…A verdade é ouro de aluvião…No deserto tem desvão, areia, areião, tem Tinariwen pra mostrar o aluvião.
No início dos anos 70 uma boa parte dos monstros sagrados da música brasileira estava pelos Estados Unidos. Luiz Bonfá gravou em Los Angeles o disco Jacarandá, produzido por Eumir Deodato. Vejam só quem estava com ele na jogada:
Luiz Bonfá – Violão Ray Barreto – Congas Idris Muhammad e Richard O’Connel – Bateria Stanley Clarke – Baixo John Tropea – Guitarra John Wood – Teclado Phil Bordner – Flauta Airto Moreira – Percussão Sonny Boyer – Saxofone Tenor Maria Toledo e Sonia Burnier – Voz
Silvia Machete fez um disco com canções deliciosas e um nome acertadíssimo: Bomb of Love, Música Safada para Corações Românticos. Tô dentro. Itamar Assumpção embarca na onda e quer ver ela lambuzada de dendê.
Arsênio Rodriguez (Arsênio é um nome supimpa) é considerado um dos fundadores do son cubano e do mambo. Aos sete anos levou um coice de cavalo na cabeça e ficou cego. Nos anos 50 deixou a ilha, se mudou pra Nueva York onde ficou até subir de vez. Mas deixou mais de 100 músicas safadas para corações românticos de Cuba e de todos os lugares.
Rokia Traoré é uma guitarrista, cantora e ativista do Mali. Soft Cell era uma dupla sabor de veneno e trottoir londrino, fudevu na terra da rainha com uma penca de hits safados e românticos no começo dos anos 80.
No release da Patuá tá escrito assim:
A sedução é um ritual que a arte adora retratar. Na música brasileira deste milênio, o projeto 3 na Massa é um dos que melhor traduz essa necessidade tão humana. Trata-se de um disco com roteiro definido, com inspiração anunciada na safadeza inerente ao som do francês Serge Gainsbourg e nos quadrinhos eróticos de autores como o italiano Milo Manara. A formação do coletivo reúne o produtor Rica Amabis (conhecido pelo trabalho com o núcleo Instituto), o baixista Dengue (Nação Zumbi) e o baterista Pupillo (ex-NZ). O repertório traz uma ótima sacada: todas as faixas são compostas por homens e cantadas por mulheres.
Ou seja: 3 Na Massa é romântico e safado. Baby Charles, Os Mutantes e Thin Lizzy também são. Os Ramones. Bem…os Ramones são só punk rockers mesmo. E a Sheena hoje, se não morreu de susto, de bala ou vício, será que ainda é punk? Ou virou uma trumpista militante do Tea Party?
Um dia eu ainda vou gastar lenha por aqui dizendo o quanto eu amo o Vince Guaraldi. Hoje eu só vou dizer o seguinte: ele é o autor das trilhas sonoras dos desenhos animados do Charlie Brown, Snoopy e companhia. Peanuts, patota! E estas trilhas são a prova de como se pode fazer música pop, pop de popular, quadrinhos, desenhos animados e cultura de massa com absoluta simplicidade, sofisticação e genialidade. Tudo junto ao mesmo tempo. Joe Cool tem uma versão cantada que só achei no youtube, tá lá embaixo no link. Mas esta, só no assobio é foda também. Resumindo o lance. Se eu pudesse escolher um ritmo, um andamento pra minha vida, ele seria como Joe Cool. Teria variações, como o Blind Man do Herbie Hancock e o Concret Jungle do The 3 Pieces que também pode entrar na categoria das músicas safadas para corações românticos.
Jade Warrior tem nome de ninja e veio da Inglaterra. Picou Pelican não consegui descobrir de onde vem e muito menos quem são. Astrud Gilberto é coisa nossa e a gente ouve ela em todo lugar. Mongo Santamaria é cubano e também é de todo lugar, além de ser outro cubano com nome tão bacanudo quanto Arsênio Rodriguez.
The Staple Singers ao vivo.
Primeiro não havia nada, nem gente nem parafuso, só havia Caetano Veloso, tá lá no Gênesis, pode procurar no livro, tenha fé, a mesma fé de Airto Moreira e dos candangos, a mesma fé de carambola de Gabriel Thomaz e dos que ainda tentam alguma coisa com a Augusta Barna, que só quer saber de trocar olhares com o mar.
Emma-Jean Tachray é um assombro. Tomara que fura a bolha. Vejam o vídeo dela lá embaixo. Claudio Citarella faz um r&b espaguete al dente com Freddie Hall. Annette Peacock é um assombro há muito tempo, mas por aqui quase ninguém nunca soube disto.
Mais uma do disco novo de Norah Jones, uma versão nova de Teletema, que não é safada, é romântica mesmo, com Antônio Adolfo e Leila Pinheiro e outra romântica dez anos se passaram, você ainda lembra de mim com o Led Zeppelin e o que seria do led sem os baladões.
Tem música nova do John Cale, tem música velha do King Crimson, tem música safada e velha do Iggy Pop
wikipedia: Solitude é um isolamento voluntário. Essa expressão foi muito usada pelo pensador Paul Tillich, que associou o termo à glória e felicidade de estar sozinho. Na solitude, conseguimos entrar em contato com nosso mundo interno, colocar os pensamentos em ordem e observar o significado das nossas emoções.
Solitude com Ella Fitzgerald. Solitude com Gal Costa.
Perto da curva dos 100 metros com Allan White, um repeteco de Luiz Bonfá, Milton Nascimento, porque é páscoa, porque Milton é de Minas, porque Minas nunca pode faltar, assim como a Bahia também não, nem Pernambuco, Pará, Paraíba e Rio Grande aqui de longe.
Na curva dos 50 metros, esqueçam o mundo pra ouvir Vince Guaraldi pedir no piano pra chuva ir embora. Depois esqueçam o mundo com as duas saideiras de Neil Young procurando por seu amor e pelo ouro de aluvião, o mesmo ouro que falta pra quem tá sem deus e com a família com Elis Regina e Jair Rodrigues, o ouro que ganha quem vence a demanda com J.B. de Carvalho que encerra a corda com tambor batendo. Saravá!
É isto aí macacada! Sábado 30, Antonio 9, Domingo 31, 64 nunca mais mesmo 60, segunda 01, seu Francisco, se tivesse por aqui, 82. A corda agradece a chegada de Petra Barros e Mariana Mello, salve, salve, avante, pra cima com a viga moçada, etc, etc.
A imagem da capa é do alemão Albert Durer, uma lebre aquarelada pouco antes de ser assada no ano da graça de 1502. O Cristo escapando da chuva foi enviado por nosso correspondente e x-9 em Porto Alegre, o implacável Márcio Pinheiro.
ASSINE NA CORDA BAMBA ou APOIE com QUALQUER VALOR na chave pix fabpmaciel@gmail.com
LINKS! LINKS! E MAIS LINKS!
gaúcho exportação:
o homem que roubou portugal:
buster keaton:
uma cena de orfeu negro:
e as crianças?????
soft cell seedy films
sheena is a punk rocker
joe cool cantado por vince guaraldi e emma mais abaixo
ana maria magalhães mandou avisar:
e a playlist!
fabiano maciel na corda bamba 
Deixe um comentário