Eu tenho o saudável hábito de não ter lido, visto e ouvido alguma obra e dizer que já gostei e que é bom pra caralho, foda mesmo e que você não pode perder de jeito maneira. Quase nunca erro. Sete meses depois de entrevistar o Zé José, finalmente chegou o meu exemplar de Martina no Vale do Germânio. Fiquei dois dias nas duas primeiras páginas sem conseguir entrar no espaço cibernético e gastei apenas algumas horas pra traçar todos os pixels do Lebréu depois que entendi que não deveria ler a Martina com a cachola apontada pra linearidade. O livro tem vários momentos luminosos e separei um em homenagem aos arrombados e arrombadas que aprovaram nesta semana a pl de urgência que livra a pica do estuprador e penaliza a vítima.

O Vale do Germânio é o futuro no presente, é o presente sem futuro, nosso futuro no passado tão passado que nem sequer estivemos nele, um blade runner chinelão e distópico, onde não rola nem o final feliz da versão do produtor e nem o final em aberto, deprimente e sem esperança do corte autoral do diretor.
A vantagem é que o cara que escreveu nasceu em Bangu e não em Salinas, Kansas, então a gente fica com vontade de ir morar na virtualidade juntinho com a Martina e com a Imelda.
A Imelda que não é Marcos e a Martina que não é Zaira Quicante.
Ainda bem.
Meu filho pegou um livro pra ler na biblioteca da escola: 101 mulheres incríveis que mudaram o mundo.
Bacana. Cool. Legal.
Tem a Frida e a Madame Curie. A Rosa Parks e a Malala.
E tem a Margareth.
A Margareth.
Puta que o pariu.
É assim que nascem os raios polarizadores.
É assim que prosperam os pedros dórias e as coras ronais.
É assim que são criados as falsianes tudo farinha do mesmo saco.
Vamos fazer um livro pras mina da firma, pra moça do ted e da ponte aérea. Um livro de leitura leve, pra dar no aniverário e no amigues ocultes praquela gerenta que gosta de spa e de ativismo corporativo.
Tipo retiro espiritual de jovens empresários novas lideranças que querem um mundo melhor nas manhãs de setembro.
Então coloca uma comuna e uma CEO neolib na mesma edição.
A lider da greve de um lado e a mulher que destruiu e desempregou uma categoria inteira.
São todas iguais.
Porra, meu, mas ela era super disrruptiva, tá ligado?
Não. Vai pra porra.
No future, no future.
Mas ainda tenho que criar o Antonio e o Vicente.
E ainda tenho os olhos azuis da Miriam.
E alguns filmes pra entregar e muitas contas pra pagar.
a césar maia o que é de rodrigo maia
sentenciou delgado barros, desconhecido cientista político virtual.
sin perder la ternura jamás
A playlist # 76 de Na Corda Bamba começa com um Raul Seixas guri, brincando de Elvis na Bahia.
Depois desta breve introdução à guisa de preliminares, vamos sem delongas, sem mas mas mas, sem carícias, primícias e outros guéri-guéris, direto pros finalmentes, correndo e pulando no salseiro de Cartagena, a cidade mais caribenha da Colômbia com El Super Combo Curro fazendo as honras para o cantante Carlos Román, também conhecido como “El Gran Romancito”. Quem não gosta pode ir catar coquinho em outra freguesia porque o vivente que não gosta de salsa é mal en la cabeza o enfermo en el pie. A salsa tem uma jogada de transe, quase vodu, capaz de tirar o sujeito do ar e fazer o ambrosino mandar tudo pras picas.
E que se dane o resto tudo.

Nem vou falar da cozinha e nem da metaleira que é covardia. É uma parada descarga de 50 mil volts, sem aspirina que dê conta.
Tem dias que dá vontade de começar cedo, sete da manhã possuído na barulheira e mandando um foda-se pra vizinhança.
Mas ainda me restam alguns pingos de bons modos. E os olhos verdes da Miriam me encarando e dizendo: pense gaúcho. E penso no João Cabral de Melo Neto que tinha uma dor de cabeça eterna e que não gostava de música nenhuma, só de flamenco, porque no flamenco todo mundo coloca a alma- e os bofes- pra fora.
num monumento à aspirina
Claramente: o mais prático dos sóis,
o sol de um comprimido de aspirina:
de emprego fácil, portátil e barato,
compacto de sol na lápide sucinta.
Principalmente porque, sol artificial,
que nada limita a funcionar de dia,
que a noite não expulsa, cada noite,
sol imune às leis da meteorologia,
a toda a hora em que se necessita dele
levanta e vem (sempre num claro dia):
acende, para secar a aniagem da alma
quará-la, em linhos de um meio-dia.
joão cabral de melo neto
Hoje ele faria um poema pra ritalina. E os boçais, versos pra cloroquina.
Vamos à la playa!
Enquanto ainda é di grátis.
Sempre que alguém aparecer na sua frente, amigo ou não, amigo de um amigo, tio de uma amiga, primo de um amigo dizendo que o estado mínimo é a solução e que a inciativa privada deve cuidar de tudo e que ao governo só cabe fiscalizar o bom funcionamento dos serviços, faça o seguinte:
jogue um saco de merda na cara do amigo, no primo do amigo, no tio da amiga ou de quem for.
o defensor do estado mínimo é, antes de tudo, um cretino.
Existir sempre foi minha sina afirma Nego Freeza no balaco de DJ Dolores. A minha também. Não é exatamente moleza. Mas é o que temos. Pra cima com a viga moçada, já dizia um tal de Salinger.
Pra baixo com a árvore, já dizia a construtora Plaenge, que derrubou árvores centenárias em Porto Alegre pra construir um condomínio chamado Verdant.
Verdant é o típico cascatol corporativo dos defensores do estado mínimo. Verdant é a cara das administrações Véio Véio e do Dudu Passa a Boiada com Talheres. A derrubada teve o aval da Secretaria do Meio-ambiente do prefeito, que fez um toma-lá-da-cá na base do kengo-kengo: a gente libera eles pra derrubarem um guapuruvu e eles replantam uns pinheirinhos, umas bromélias com a assinatura de algum garden desaiguiner casa cor encol e fica tudo elas por elas.
um minuto para o comercial:
prefeitura de porto alegre: derrubando árvores para um amanhã mais mdb e verdant.
fim do comercial.
e da cidade também.
Enquanto isto, meu amigo Sérgio Moacir Marques com a ajuda de voluntários tenta salvar do alagamento centenas de documentos que contam uma boa parte da história da arquitetura moderna do Rio Grande do Sul.


Joguem as boias e os botes no mar.
Ladies and Gentlemen: Mr.Maceo Parker e quem quiser as credenciais do cabra, abra outra aba no seu navegador e digite:
M A C E O P A R K E R
e as portas do balaco eterno se abrirão automaticamente na frente dos seus olhos.
O bonde avança com Seven Davis Jr, com Tim Maia –do your thing, behave yourself– e com Titãs saia de mim tudo que está correto, estagnado, tudo que for perfeito, saia de mim a verdade e a verdade pode estar puxando o tapete e quem diz isto é uma moça irlandesa chamada Imelda May. Cuidado pra não escorregar.
Do it
(Do it, do it, do it, do it)
You’ve got to do it
(Do it, do it, do it, do it)
And you’ve better do it
(Do it, do it, do it, do it)
And you’ve better do it
(Do it, do it, do it, do it)
And you’ve better do it
(Do it, do it, do it, do it)
You’ve got to do it
(Do it, do it, do it, do it)
Maia, Tim

Step Psicodélico ou abra a porteira e vem dançar comigo, com todo mundo que estiver sorrindo e com o sotaque carragado de paulistanidade do Tatá Aeroplano decolando do campo de Marte e do terreiro evoé vai vai na fé, eu quero mais e quero a Annie Lennox cantando i want you, love is a strange, love is a dangerous drug, love is an obsession e ontem todos os meus problemas ficaram distantes na versão Fred Banana Combo para yesterday e eu já toquei aqui uma versão portuguesa de yesterday que se chama amanhã e não é piada, como não tem piada com Xutos & Pontapés Já estou farto de procurar um sítio para trabalhar. Já estou farto de me excluir, tantas portas por abrir…cantam os gajos top of the pop do rock português.
Eu vou para longe, para muito longe
Fazer-me ao mar, num dia negro
Vou embarcar, num barco grego
Falta-me o ar, falta-me emprego
Para cá ficar
Ou seja, vão fazer o mesmo que seus tatatataratatarataasavôs,
Vão pro mar, porque navegar é preciso. vão cruzar a boa esperança, o estreito de magalhães, chegar nas índias, na bahia e no timor.
e vão esperar pela volta de dom sebastião
e quando a vida ficou um pouquinho melhor
os jovens putos lisboetas vão votar na nova direita, como fizeram
os jovens putos da alemanha, da austria, da itália, da frança na semana passada.
votaram na direita.
no future, no future, no future.
Pegue o saco de merda. deixe ele sempre perto. apesar do cheiro.
Sempre teremos um aeroporto salgado filho pra refrescar a memória e jogar na cara de qualquer economista bem apessoado. um aeroporto lucrarivo e administrado porcamente por uma empresa alemã. e bancada por milhares de abobados da enchente.
Economista bem apessoado e devotado ao mercado é o que não falta nos puteiros e nas redações de jornais.
Santa Maria da Conceição Tavares que se foi, rogai por nós.
Por falar em aeroportos e alemanha, einstein, terceira temporada voltou no AXN e o meu escapismo da madrugada ficou mais divertido. no terceiro episódio, pra fazer justiça ales blau, ele ajuda um velho empresário a recuperar a receita secreta de sua perfeita salsicha alemã. e o velho está pistola com a filha que quer colocar a salsicha no formato de hamburguer. o ponto alto:
einstein: hitler era vegetariano.
o velho empresário: por isto na minha juventude, comer carne e salsichas significava também ser antifascista.
sexo, piadas cretinas e junkie food. a madrugada tá garantida.
E os olhos verdes cinzentos azulados da Miriam Arvelino de Paula.
Captain Beefheart. Quem não sabe do que se trata, procure saber.

Chair Model é um trio rocarolla de Oklahoma. E nada mais consegui saber.
Doce, a música nova dos Estranhos Românticos chegando na corda e nos melhores computadores e celulares do ramo. A música é boa pacas e a capa do single é boniteza pura.

Blondie!
Ouro de tolo e eu e minha irmã não conseguíamos segurar o riso na kombi indo pra escola ouvindo o raul seixas na continental, um riso porque era falado, porque tinha um quê de odair josé e outro quê de bob dylan, mas a gente ainda mal sabia quem era o bob dylan, mas já sabíamos, com a boca escancarada cheia de dentes que aqueles versos eram tortos.
Porque longe das cercas embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora dum disco voador
Devil Doll não está no cyberspace.

Willow é o presente que vale ser visto e vivido. Willow é o que faz a gente pensar que o futuro pode ser bacana.
Ela me conta que era atriz e que trabalhou no Hair e Galt MacDermot fez a trilha da peça cabeleira. Coffee Cod é pra ouvir e lamber os beiços. Mateus Fazeno Rock pensando em voltar e Malcom Mclaren nunca foi embora. O Quadro sapoca uma de cem e Gustavo Galo rega as plantas e descobre que musas são muitas no canteiro que lhe inspiram. Luca Argel faz um laralaiá na rua Consolação. Peggy Gou é China em Berlim, Peggy gou, peggy you, pra ouvir no Lebréu.

Matemba tá na casa.
Kassin arrebenta em Quando você está sambando. Tudo nesta música é absolutamente bom pra cacildis. Letra, arranjo, baixo, teclados e efeitos espaciais…
Avante com:
Os Mulheres Negras, Ayon e DJ Dolores, Saada Bonaire e Womak & Womak.
Momento Antena 1 na corda bamba: C&C Music Factory
Avante com:
Blood Sweat & Tears, Rita Lee, Pretenders, Ramones e MGMT.
Mais adiante com:
Jon Muk, dica do sempre forever young Carlos Eduardo Lima.

e avante com o disco novo de Ringo Starr.
com Belleruche e com a flautista colombiana Anamaria Oramas, dica do sempre alerta Phillip Johnstone e seu J,Pedra Session.
Se você nasceu no meio dos anos 60, você dedicou pouco mais de uma década depois, algumas homenagens a Perla. Perla era a índia paraguaia da minha geração.
A tv brasileira tinha um português pra chamar de seu –Roberto Leal– e uma argentina pra chamar de moça com boa aparência: Julia Graciela.

Maçã no Rosto é Djavan em estado de muita graça.
E a gente faz a curva dos 300 metros com George Harisson e uma faixa da trilha sonora de Wonderwall, que foi o primeiro disco solo de um beatle # Milton Nascimento faz dupla no disco de Beto Guedes cantando Beatles e se você quiser chorar, a hora é agora # Titãs com Mauro e Quitéria pra gente não esquecer da miséria. # Mais Raul, porque semana passada eu falei do fim do mês.
E Cartagena Salsa com Crescencio Camacho pra encerrar a parada. Num outra vida ou quem sabe em algum lugar do cyber-espaço eu volto como tocador de maracas, com um bigodinho fino, daqueles que não encostam no nariz, uma camisa de mangas onduladas e o olho ligado e esbugalhado fazendo graça pra guapa que tá na boca do palco.
Saravá.
E não se esqueçam: assinem a corda bamba. pode ser nos botões vermelhos lá de baixo, ou no pix fabpmaciel@fabianopmaciel
qualquer valor é valor bem vindo.
1 real é valor
10 real, 100 real, milão
E não se esqueçam de jogar um saco de merda no defensor do estado mínimo mais próximo de você. se você encontrar um ratinho do paraná, que quer terceirizar geral a educação, se você cruzar com o cara de elon que ocupa a secretaria de educação do governador de são paulo, aquele que é amigo do hulk, use o saco.

supermarket, de 1957 é a imagem da capa da corda de hoje. ela apareceu na rede e eu pesquei. É pueril, simples, limpa, econômica. O autor Ben Shahn tem uma história incrível e aqui vai um pequeno resumo: nasceu na Lituânia, o pai foi exilado na Sibéria em 1907, a família fugiu para os Estados Unidos onde ele virou artista, designer gráfico e ativista, frequentando uma turma que incluía Dorothea Lange, Walker Evans e Diego Rivera, de quem foi assistente. Era obviamente de esquerda e é fácil de imaginar que lado ele estaria agora, vendo o que o tio benjamin anda fazendo.
LINKS! LINS DE VASCONCELOS E MAIS LINKS!
recife sevilha, documentário de bebeto abrantes sobre joão cabral de melo neto. aos 31 minutos mais ou menos tem uma sequência magnífica sobre a aspirina:
no matinal, uma matéria sobre a verdejante construtora que derruba árbores para construir condomínios verdelejos:
sobre o edifício FAM: https://www.moomaa.net/edificiofam
um trailer dublado, pra ficar com mais cara ainda de panteras, de einstein:
willow:
e se você acha que a moça é cascata ia. veja ao vivo:
francoise hardy musa suprema da linhagem do sussurro falado em francês, de vez em quando gemido, de vez em quando cantado. um lance que paralisa qualquer bagual, bombachudo ou não.
skowa. snif…semana que vem na corda, as aventuras da máfia na corda:
perla no chacrinha:
a playlist!

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