Já tem algum tempo que Vicente, meu filho mais novo, peleja com os cubos mágicos. Cansado de nunca conseguir resolver a parada, não titubeou e pintou cada lado com uma cor. Percebeu que a gambiarra não colou e resolveu dar uma demão. Tascou tinta preta em tudo. Se não tem mágica, tem magia. Negra. Mesmo que pilantra. Batizei o cubo de trágico. Fui na Liberdade e comprei dois novos pra ele: um preto e dourado, fabricado para deficientes visuais e outro multicolorido 5×5. Descobri que cubos são como carros, podem ser 4×4, 5×5 e carregar até 2000 cavalos. No meu caso, carrega só uma mula teimosa. Eu mesmo. Vicente parou de trapacear e tá tentando deixar os dois cubos alinhados. Eu transformei o cubo todo preto, o trágico, no meu amuleto torto, na minha caveira de Hamlet. Fico olhando pra ele e pensando em como ser ou não ser um ser humano trapalhão, endividado e puto da vida. Giro pra um lado, giro pra outro e tudo segue nebuloso. Mas eu sigo girando. Só no rebolation. Na corda bamba edição # 112 com a espetacular playlist # 81 tá na rede. Um abraço pra quem tá na luta e uma banana pra quem tá de sacanagem com a geral privatizando a água que todos os passarinhos bebem. Só love, só love, sem perder a ternura jamais. Saravá!

Na Corda Bamba tira o tênis, mergulha no sofazão e encara o espírito olímpico. Vi a abertura. Gostei dos barcos e da Maria Antonieta decapitada. Pronto. Missão espírito olímpico cumprida.
Esta será a primeira olimpíada do período da República Replepé. No futuro, vamos estudar o Império, a República Velha, a Nova, Estado Novo, Ditadura, Abertura e a República Replepé, que começou oficialmente quando metade do país elegeu o cramulhão. O cramulhão provavelmente irá em cana. Mas a Replepé vai seguir firme na missão.
Mas nossos abençoados atletas escolheram a cidade errada pra pregar a palavra. Paris combina com rendez vous e rendez vous rima com fudevous. E se depender do look Damares prêt-à- porter ungido e desenhado pela Riachuelo, vai ser mais fácil nossos varões e varoas encontrarem Jesus numa Goiabeira no topo do Sacre Coeur do que alcançarem a glória divina do pódio.
O bolsonarismo precisa ser combatido não é só no campo político. Ele precisa ser combatido esteticamente. A direita sabe desde as olimpíadas de 1936, que esporte e estética andam juntinhos e mixxxturados. Só que os alemães tinham a Leni Riefensthal e o Hugo Boss. Os repleplés atacam de Silas Pilantraia.
Um exemplo da estética torpe bolsonarista. Na convenção que consagrou sua candidatura à reeleição, o prefeito de Porto Alegre, o Véio Velho, usou um chapéu de palha caipira. A palha cai bem em um palhão absoluto. A palha esconde a cara de pau.
O chapéu de palha do Véio Velho não é o mesmo do nosso imaginário de um caipira matreiro e do bem, tipo Chico Bento ou Mazzaropi. O chapéu de palha do Véio Velho é o mesmo do Jeca Tatu, do atraso e do anacronismo. Ele veste a carapuça de palha, a única que cabe naquela cabeça de porongo obtusa e alinhada com o que há de pior da elite gaúcha.
Nem entro na seara da incompetência porque neste quesito, ele já se consagrou. Depois de ser arrasada pelas águas e pela inoperância, a cidade tem a chance agora de escolher como vai seguir adiante. Sink or swim. Tomara que não afundem junto com os palhões do jecalhal.
Mas devo confessar que tive meu momento olímpico nestas férias. Antonio, o meu equilibrista favorito foi repetir a dose de arvorismo-tirolesa e aí o Vicente resolveu ir também e eu achei que o cara não ia deixar pelo peso-altura e o cara falou, se o senhor for junto pra colocar o gancho nas roldanas…Fudeu. 20 minutos que duraram 2 horas de uma corda bamba real ao vivo e a cores. A tirolesa é a parte relax do lance. Na chegada o cara perguntou: gostou pai? rapaz…foder é melhor e mais fácil.

Por falar em foder, e foder com a vida dos outros…O governador da locomotiva do Brasil Replepé tá vendendo água à preço de banana. Tarcival é perigoso, pois diferente de seu padrinho cramulhão, ele sabe usar os talheres, e mesmo com a cara esburacada, sabe falar. E se vale de toda aquela terminologia de convenção da firma, de reunião do board, aquelas palavras que soam como música nos ouvidos de faria limers e de donos de jornal de todas as latitudes. Vi ele anunciando a venda da Sabesp: Nosso drive foi direcionar…Nosso drive! Nosso drive é uma estrada de mão única pra água cara e serviço ruim. Serviço ruim, inclusive, é a especialidade da Equatorial, a empresa que se deu bem na jogada. É a mesma que opera a energia elétrica no RS. Energia privatizada aliás, com o apoio do Véio Velho e do governador sapatênis tucano.
Eu nunca me canso de falar: Privatizador, assim como coach, não é gente. Em qualquer lugar. Em São Paulo, no Rio, ou em Poços de Caldas. Entrei no Palace Hotel pra tomar um café. No corredor, um grupo de senhoras, faixa 40-70, confraternizava. Convidadas chegavam. Olho no quadro o cartaz. Encontro das Ladies. Tema de hoje: Os 4 pilares da elegância. Juro que pensei em parar e perguntar pra alguma das ladies quais eram os 4 pilares da elegância. Lembrei de uma cena espetacular de um dos meus filmes prediletos do Clint, A Meia Noite no Jardim do Bem e do Mal. (link lá em baixo)
Só love.
A corda manda um abraço pro ninja Tárik de Souza e nem vou lembrar que o Grêmio ganhou um minguado 1×0 em cima do Vasco.
É isto aí macacada.
a corda precisa de você, assim como o céu é do avião.
nos botões lá de baixo tem como assinar nas opções 10 pilas mensais ou 100 anuais. mas quem quiser apoiar com qualquer valor, qualquer valor mesmo, o pix é fabpmaciel@gmail.com
a foto da capa desta edição é o cubo mágico do vicente.
só love and rubber.
na playlist # 81
Meu amigo Phillip Johnston mandou a mensagem divina iluminadora transiberiana e transcendental. Você precisa ouvir isto! Obedeci. E digo que nem todos os podcasts de meditação reunidos conseguem chegar perto desta parada. Foi transe imediato. Fazia muito tempo que não ouvia algo tão foda de lindo. E imaginei que era novidade. Porra nenhuma. O disco é de 94. Até aí, neves. Um conjunto de saxofones, o London Saxophonic, em colaboração com um tal de Moondog. E o tapete começou a voar. Fui procurar saber quem era a figura. Procure saber, como diz o Gil. E descobri que Moondog é o nome de bardo de Louis Thomas Hardin, que nasceu no Kansas em 1916, cresceu nas montanhas do Wyoming, onde foi iniciado na cultura e nos rituais dos índios Arapaho, que encontrou um objeto estranho no campo e não percebeu que era dinamite, que a dinamite explodiu e ele ficou cego e aí ele começou a estudar música, e foi pra Nova Iorque onde circulou entre bambas como Charlie Parker e Toscanini. E se você acha que a vida dele ficou por ali, podes crer, ficou mesmo. Mais precisamente, nas esquinas das ruas 53 e 54 com a Sexta Avenida onde durante 25 anos, de 1947 até 1972, Moondog tocava e recitava seus poemas. Naquela esquina, ele era O Viking da Sexta Avenida. Em 1973 ele mudou pra Alemanha, onde ficou até morrer em 1999. A playlist abre com Bird´s Lament e segue com as homenagens de Prefab Sprout e de Marc Bolan e TRex ao Moondog. O Buffalo Springfield que vem logo depois não tem nada com isto, mas casou direitinho e entrou na roda, vamos todos cirandar.


Outra figura que tinha um pé no sobrenatural de almeida e com o fuzuê total era Dr.John. Quando morreu todos cachorros, gatos, os voduns, bruxos, feiticeiros, músicos, trambiqueiros e milhares de cidadãos de Nova Orleans foram pra rua acompanhar o cortejo, cantar e dançar em homenagem à um dos mestres da cidade.
Voltando pro clima olímpico: Joe Dassin engarrafado e preso num táxi na Praça da Concórdia. Em comum com a versão do Roberto Carlos e com a original de John D.Laudermilk, só o bip bip.
Calma, calma. É sete e meia na Place de la Concorde
O Motorista do táxi mostra os dentes para morder
O braço na porta eu olho para os jatos de água
Há sol bip bip
Y a du soleil bip bip
Lá embaixo nos links, uma aparição de Dassin num programa de tv que certamente estava com o orçamento muito baixo para os cenários. Depois do D vem o C, vem a Clairo, com disco novo, sexy to someone e eu fico tranquilo de saber que provavelmente ela nunca vai dizer algo como cansei de ser sexy.


Nina Oliveira e Bruna Black fazem a exumação reversa da Amélia, num balaco ode à faxina, hoje eu limpei a casa, a casa tá limpa, limpe os pés para entrar e eu não sei se é só um aviso aos navegantes, roommates, amantes, que naquele cafofo tem ordem. De qualquer modo, elas avisam que pra ser parceiro tem que saber cozinhar e não chegar com a boca cheia de lero lero. Ali é papo reto e a patroinha rules. É isto ou eu não entendi nada? Tem clip nos links.
Nick Lowe não tá preocupado que acabou o veja limpeza pesada e o assolan e a água sanitária e ele vai ter que dar um corre rápido no mercadinho do seu karim, o seu paquistanês da venda, nada disto, o lance dele são os impostos. Por aqui, os impostos deixam jornalistas e economistas da imprensa profissional -sempre que ouço falar em jornalismo profissional tenho vontade de abrir uma praianinha- apreensivos. Eles vão às lágrimas só de pensar que quem ganha mais vai ter que pagar mais. Snif, snif…

Tati Falco é argentino. Aqui na corda eu não entro nestes tico-ticos com os hermanos, assim como evito cair na lenga lenga rio-sp. Pero…Deve ser difícil pra turma que joga no lado certo da força aturar boleiro cantando hino racista em vestiário. Ainda mais com um boludo como o Milei na presidência. Mas segundo os nossos jornalistas profissionais, Milei está fazendo um governo exitoso. Nossos profissionais, estão apreensivos é com o Haddad e com a taxação do topo. Por sorte, o Tati Falco não tem nada a ver com isto. E nem com a faxina e nem com os impostos.
Anelis Assumpção é demais. Até mesmo naquelas canções que começam como quem não quer nada, que a gente não sabe exatamente onde a letra vai nos levar…Eu tô aqui pra jogar conversa dentro, cê tá com tempo? E aí você já tá dentro também.
Greenslade entre o progressivo e o folk. Já gostei, desgostei e voltei a achar bacana.
Já a namorada do Frank Zappa tá preocupada com o chulé dele, pois ele usa a mesma bota de couro de cobra todos os dias, e se um cara consegue fazer uma música com o nome de Pé Fedorento por que a Bruna e a Nina não podem fazer um ode ao mop giratório? Só que o Zappa consegue trocar as bolas durante o voo e a canção que começou falando de chulé se transforma num diálogo com um cachorro, onde o próprio Zappa avisa: agora é o cachorro falando.
Fido se levantou do chão. E rolou de barriga, me encarou bem nos olhos. E sabe o que ele me disse? Uma vez alguém disse para mim (Isto é o cachorro falando agora) Qual é a sua Continuidade Conceitual? Bem, eu lhe falei no mesmo instante (disse Fido)Deve ser fácil perceber. A cruz do biscoito é a Apostrofe.
Faz sentido ouvir blues em 2024? tum rum tu rum tu rum turum na guitarra e plimplimplimplim no piano. Guitar Gabriel e John Mayall mostram que sim. Enquanto houver um cachorro pulguento, um cachaceiro, um destrambelhado cheio de problemas, sem emprego, enquanto tiver alguém passando pelo diabo a quatro, o blues vai continuar fazendo sentido. Porque tempo bom é só de vez em quando. John Mayall levantou voo nesta semana e fica aqui o meu muito obrigado. E também faz sentido reouvir, reouvir não sei se existe, mas vai, as bandas progressivas como Hatfield & The North e Cressida. O lance é colocar uma Fiona Apple no meio. E o Liniker buscando seu amor atômico depois de tudo.


Quem não se desintegra, contra-ataca com os lampejos cinematográficos de Fernando Moura (nos teclados) em parceria com Victor Huggo e sua sanfona. Pra ficar na mesma sintonia, Tom Waits e Tuyo. Pra mudar de sintonia, a música nova do Primal Scream.


Eu quero saber quando que a Duquesa vai participar da FLIP? Quando vai ter ensaio na Serrote, com texto do Eucanãa Ferraz?
Como fica triste com um rabo desse?
Cê vai ter que agachar mais
Pra ter o meu tamanho
Ele me olha tanto
Que até perdeu o foco
Se aproxima, vida
Assim cê sabe que eu não mordo (uh)
Essa raba grande gosta de big boy
Essa grande gostosa gosta de muito luxo
Indo pra casa na garupa de um bad boy
Mente milionária
E uma cara de puto
Deixa nota na minha mão
Te faço triplicar a renda
Isso tá ficando cada vez mais fácil
Tu gosta de mostrar carta
Pra dizer que sabe o jogo
No meu bolso
O coringa sempre fica guardado
Agora tô vendendo lenço
Pra quem tá chorando
Eu tô igual a agiota
Pra quem tá devendo
Eu tô malhando tanto
Pareço a Gracyanne
Não me manda mensagem
Que eu tô online e metendo
Olha pro meu bíceps
Aumentando o tríceps
Seu presente vai ser
Uma hora de porrada
De tanto aguentar sua rima fraca
Você tá tão abatido
Com uma cara tão cansada
Ele me traz grama de flor
E a gente queima
Sabe que isso é meu azul
Se não tiver, eu brocho
Ele é carinhoso
Mas na cama não tem pena
Eu falo: Calma, calma
Vida, cê vai ficar roxo
Ele ama minha baby face
O meu jeito lady
A minha big ass
Sua boca é fake
No meu bonde
Ninguém paga pau
Pra Kylie Jenner
Ela quer comprar
Tudo que já nasceu com a gente
Como fica triste com um rabo desse?
Cê vai ter que agachar mais
Pra ter o meu tamanho
Ele me olha tanto
Que até perdeu o foco
Se aproxima, vida
Assim cê sabe que eu não mordo (uh)
Essa raba grande gosta de big boss
Essa grande gostosa gosta de muito luxo
Indo pra casa na garupa de um bad boy
Mente milionária
E uma cara de puto

Geraldo Pereira em 1951 não queria saber se o Ministério da Economia ia acontecer ou não. O que importava, era comida barata na mesa. Ontem, hoje e sempre, pra frente Brasil.
Sessão balaco com Flevans e Laura Verne, Portugal The Man, Onda Trópica, Marcos Valle, Ramp, Charles Earland e Eumir Deodato. Depois muda tudo com música nova e disco novo de Alaíde Costa. E muda tudo com mais prog, Rick Wakeman e a viagem ao centro da Terra. E volta pro balaco com a inglesa Nia Archives baianando via Barbatuques.




Voltamos na maciota sapatinho devagarinho com Humana, Matt Maltese, Ensemble Project Ars Nova, Brian Eno e Robert Fripp, Pluma e Crosby,Stills e Nash, do pouco ouvido disco de 77.
E chegamos nos últimos 300 metros colocando tudo no liquidificador: Primal Scream de novo, Lloyd Glenn e Clarence “Gatemouth” Brown, Mazzy Star, Almir Sater e Renato Teixeira, Renato Borghetti que completou 40 anos de estrada, Fernando Moura e Victor Huggo bisando, Charly Garcia, Alexis Corner, Rahsaan Roland Kirk e Jack Mcduff e Moondog pra encerrar a parada.
Saravá

LINKS! LINKS! E MAIS LINKS!
a meia noite no jardim do bem e do mal. trechos:
A fascinante história de Louis Thomas Hardin, o Moondog, o viking da sexta avenida
mais moondog com a incrível kilimanjaro dark jazz ensemble.
joe dassin tá atrasado na praça da concórdia:
nina oliveira e bruna black
duquesa!
o ministério da economia e o samba do geraldo pereira:
nia archives:
e a playlist!

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