Quatro horas direto sem paradas no meio do caminho e sem tempo pra respirar. Uma corda sem vergonha, sem revisão, reflexão, controle e tino. 65 faixas supersônicas, abrindo e fechando com Chico Buarque, abrindo e fechando com Cacá Diegues, que conseguiu algo muito raro no nosso cinema: fazer muitos filmes e quem faz muitos filmes faz uma obra: A Grande Cidade, Joana Francesa, Bye Bye Brasil, Chuvas de Verão, Xica da Silva, Os Herdeiros e Deus é Brasileiro são alguns deles. Então vamos com Chico armado de dentes e de coragem, o Chico de Quando o Carnaval Chegar, esperando o sol raiar pra um dia da graça, o dia da caça e do caçador. Você canta sua agonia louca e tá danado de bom ver o cramulhão chorando na tv, se borrando todo, se cagando nas calças enquanto espera o milagre da nossa senhora da pizzaria brasil entrar em ação ou a jeba do ronald mcdonald, o que rolar primeiro. Mas vergonha mesmo é o esforço do jornal da barão de limeira pra limpar a barra do saco de chorume fedorento e pútrido que exala desolação e horror por todos os poros escangalhados. Mas, foda-se o chorume, foda-se a Folha e avante. “Preencho com dois dedos de cachaça um pensamento a mais, aahh, com estes dois dedos de cachaça tenho alguns pontos de exclamação pra anestesiar” diz o Gustavo Kaly junto com Wander Wildner e os caras da Pata de Elefante e tem dias que só a sinceridade absoluta dos portoalegrenses salvam o mundo da bundamolice geral. Pena que a característica se aplique à todos, e os cretinos da cidade sorriso também são absolutamente sinceros em sua chucrice suprema. Somos salvos pelo ectoplasma do Mário Quintana, eu disse Mário Quintana, e quem disse foi o Paulo Scott, que junto com o Flu e com o Marcelo Fornasier, forma a trinca da Orquestra Literária, eu disse Exu Mário Quintana, os amassados do mapa, até o teu coração, tua enchente Piratini, eu disse pras picas com a modéstia! A playlist # 112 tá foda. A 111 também tava. E a 110, a 109…Ainda não tenho nada mas já sou o rei da cocada manda M.Takara, manda na cara, manda na lata, diferente dos sapatênis da Globonews que estampam um letreiro acanhado “Bannon fez gesto semelhante à saudação nazista”. Gesto nazista é gesto nazista. Mão no pau é mão no pau. Mão na bunda é mão na bunda. E nazista bom é nazista preso. No mínimo. Ou passando muita vergonha, como o guri de Porto Alegre que resolveu ir pra formatura com uma suástica pintada na cara e mandou o caô de que era símbolo indiano. Vá pra porra! Não merece nem uma língua em brasa, não merece a foca batendo palminha da Iara Rennó, muito bem acompanhada de Tetê Espíndola, Negro Léo e de Ava Rocha. Nazista não merece nada de bom. Não merece o soul blues de O.V.Wright, não recebe passe e não pode ver-ouvir a intrigante mariola eletrônica da polonesa Hanka Lubienska. A nova ordem mundial tá clara: milionazis de um lado e BRICS do outro. No meio disto, uma Europa abananada que não sabe o que fazer. Baixou o encosto do PSDB na União Europeia. Como tenho mais o que fazer, fui procurar a Carmen Costa e descobri que hay uma banda mexicana que se chama Carmen Costa! Marte a Mar. La melancolia es el dolor, rainha das ruas, você é, você é o meu coração, Julio Reny, since 1983, meu maldito favorito, maldito romântico até a medula, como deve ser. Las Palavras a banda de um homem só, um cara de Nova Iorque, do México e da Guatemala, tudo ao mesmo tempo agora, Pata de Elefante, Porto Alegre rides again, o dia em que a casa caiu, como tá caindo pro Zélelensky, o palhaço fascistinha, chapinha chupinski brother beijo de língua do Luciano Huck, que agora tá sofrendo de Traumatismo Ucraniano (salve Carlos Eduardo Lima, gênio) enquanto os analistas políticos do bananal jogam dominó, Putin joga xadrez, xeque-mate, vai ganhar a guerra, vai pegar seu quinhão de volta e vai deixar a conta pra Maria das Dores do Estreito de Gibraltar pagar. Gloria a Davos, I feel them getting closer, suspeita Ida Mae e na sequência uma moça chamada Saya Gray, que ainda vai fazer barulho, se liguem. Avante com um bis porque vale ouvir de novo Cativeiro de Iaiá/ Evém o Nego com a incrível Ilessi do super álbum Atlântico Negro que zarpou ano passado e vai correr o mundo como corre o verão com Sly Stone balbuciado por Bootsy Colins em Hot Fun in the Summertime e tanta alegria pede Gonzaguinha, pede a felicidade batendo na nossa porta, pede Jimmy Somerville brincando de Donna Summer, pede Cantaloup, com seu autor Herbie Hancock e com Milton Nascimento, pede Annie Lenox e Dave Stewart, afirmando que tá tudo certo, Eurythmics, baby is coming back e pra dar uma pressão King Crimsom, The Chemical Brothers e outros campeões de sinceridade, pero com mais lirismo: Chico Science e Nação Zumbi em Samba Makossa. Muda o giro, muda o disco, vira o disco, vira o lado, mas antes eu entrego o troféu VTNC da semana pro prefeito de São Paulo que demoliu o teatro Vento Forte e a Escola de Capoeira Angola Cruzeiro do Sul, que funcionavam no Parque do Povo, só que pro prefeito da cidade mais progressista do país, capoeira é coisa de preto e teatro é coisa de viado, ou comunista, pra ele é tudo a mesma merda, capoeirista e ator de teatro não votam em arrombados do mdb, a não ser que sejam frias. Também entrego o troféu VTNC pro careca protonazi da revista Oeste e boca de caçapa no Estadão, um capivarol de alma sebosa chamado Guzzo Obtuso defensor de golpista e quem defende golpista é sempre obtuso e sempre boca de caçapa. E muda o giro com J.J.Cale, Wilco, The Doors, Alceu Valença (Pernambuco de novo), Maria Bethânia, Brian Eno em dupla com John Cale, muda mais ainda o giro com Bixiga 70, Jeff Beck, Stacy Wilde, IFA e aí rola uma pausa para uma dica de Allan Sieber que não consegue mais ouvir voz de gente nem em música…Morton Feldman e em seguida vozes, as vozes de Alaíde Costa e de Zé Miguel Wisnik, e ainda, a voz do poeta William S.Burroughs acompanhado de Bill Laswell e na curva Jupiter Apple, sentindo seu corpo derretendo e falando com sua sombra. Se ainda estivesse por aqui, iria derreter mesmo na sombra. Na outra curva a cubana de Miami, Krystal Millie Valdes e no outro quarteirão eu tento resitir à Sophie Rogers…Impossível, giro o seletor pro baticum da Bianca Oblivion procurando o nemo e se tem uma banda chamada Carmen Costa tem uma dupla de rappers e dejotas chamada Paris Texas e de lá pra Minas, Milton em Pietá, que nunca tinha ouvido e fico abestado com a boniteza de Imagem e Semelhança, cantado junto com Marina Machado, Buda, Oxalá, oh Krishna, muito amados, Nos fizeram andar, Mas resta a pergunta do começo,Tô tanto distante de ter sido feito A sua semelhança, pai, mas se o senhor me for louvado, eu vou voltar pro meu serrado, se é por vontade de Deus, valeu, obra prima de Djavan, tão maltratado pelo hype, talvez por sua conexão imediata com a música de boteco, esqueçam isto e aproveitem que o carnaval tá chegando e o chico tá se guardando pra quando ele chegar. Fuçando, fuçando achei a Banda Escola Pública, samba do novato, bahia exportação jorgebenzeante vol.4, e toda noite eu me pergunto se vale a pena discutir bobagem, futebol, se vale a pena trasmitir assunto, sim, vale. Bonde segue no trilho com Mazin Jamal, Curtis Harding, pede benção pro Moacir Santos, pra Lou Donaldson e pra Minnie Riperton, trinca de ases, vira a carta, valete SAULT e dama de ouros, Ledisi, chorem com ela e sigam pra floresta na trilha da African Head Charge e da Pata de Elefante, da dupla Tape e Scandurra e sigam na pista do espião frio de Julio Reny, eu já nem lembro como me chamava e que mulher eu buscava naquela noite que o tiro me acertou, peguem a carteira, o cartão, corram pro guichê, ainda dá tempo de apostar no próximo páreo, os cavalinhos estão na curva dos 100 metros finais, Alceu Valença convoca Clementina de Jesus, Susana Baca convoca todas as entidades e convoca Clementina também e Julio Reny volta procurando nenhum lugar pra esquecer. Julio Reny é a versão porto alegrense do Roberto, nada é mais jovem guarda, nada é mais pop, talvez um dia, o resto do país descubra quem ele é…o mundo gira, a lusitana roda, a Orquestra Literária volta, o Gustavo Kaly idem, o vento deste mês é rasura, o tempo não existe, o domingo existe e a conta de gás também. Segura na minha mão, vamos pra praia, baby bye bye, o tempo já vai terminar, sempre que eu posso eu fujo do inverno, geme de preguiça e de calor, eu tenho saudade do mar, capaz de cair um toró…Esta corda já pasou e já se foi, quem quiser assina, quem quiser manda um pix qualquer pra fabpmaciel@gmail.com e a capa desta edição mostra a seta indicando saída pela esquerda. Um abraço pro meu cumpadre Luis Marcelo Mendes, pai do Bento, marido da Rara e filho da Marisa que fez aniversário e comemorou tomando nescau no seu cafofo em Laranjeiras sur mer. Saravá!
a playlist!

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