“Pegar peixes, numerosos e grandes, é bom e vantajoso para todos, salvo para aqueles que tem um ofício sedentário e para os professores de retórica: para os primeiros o sonho significa desemprego pois não podem se dedicar ao seu trabalho e ao mesmo tempo à pesca; para os outros porque declara que seus ouvintes não serão idôneos, já que o peixe não tem voz.” Artemidoro, Sobre a Interpretação dos Sonhos

É o velho e manjado truque do Buñuel, que quando não conseguia resolver uma cena de um filme, colocava um sonho. No meu caso, o golpe é mais baixo. Eu sequer vou contar um sonho meu, vai buscar quem mora longe. Citações são cassetões e por absoluta e total falta de assunto, me dependuro num quebra galho adivinho profissional que viveu no século II depois de Cristo. E quem não tem sonho, ataca de vida cotidiana: Rotina, platitudes, cineminha, bichinhos e alguma dose de ironia e rancor pra manter a pose de rabujento. Começo com a rotina: Tem dez anos que quase nunca consigo ir ao cinema. Tem dez anos que praticamente só vejo filmes infantis. Agora o rancor: os filmes infantis são quase sempre em shoppings. Eu detesto shoppings. E detesto os anúncios engraçadinhos de não fumar e os trailers de filmes quase sempre horripilantes que terei que ver. A rabujice: detesto os xovens que comentam os filmes que detesto. E o dia que eu gostar da indústria do entretenimento, mesmo que eu pague, em parte, as minhas contas com isto, podem me internar no mesmo sanatório para onde o Barreto mandou o lima em Policarpo Quaresma. Quem sabe nesta quaresma eu consiga resolver uma parte dos meus problemas, aqueles que eu não consigo resolver nunca? O triste fim de Policarpo Quaresma é que 110 anos depois de lançado, os problemas do bananal onde Policarpo se criou continuam os mesmos. 110 carnavais. 110 quaresmas. A ironia: a família foi ver Flow. As crianças, após quase 80 minutos de projeção estavam inquietas. Miriam pergunta: a gente pode ir embora se vocês não estiverem gostando. Vicente responde: não é isto, é que este filme só tem começo. 07 carnavais. 07 quaresmas. Na Corda Bamba edição 143 acompanhado da alucinante playlist # 114 está na rede. Quem cair nela, é peixe. É o que o Artemidoro dizia. Assine este arrastão sem meia de peixe miúdo nos botões vermelhos comunistas lá de baixo, ou apoiem com qualquer valor, qualquer valor mesmo, pode ser sardinha, salmão ou bacalhau na chave pix fabpmaciel@gmail.com Saravá!

A foto da capa eu tirei em 2010, num frio de lascar em Berlim. Hoje, a placa parece profética. A Alemanha tá caída e não sabe se sobe no muro da Otan ou se recolhe o chucrute pro Putin entrar com a balalaika. Até o Artemidoro sabia que isto ia acontecer.

LINKS! LINKS! E MAIS LINKS!

um buñuel sobre gente sem direito de sonhar:

triste fim de policarpo quaresma para baixar:

http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000159.pdf

as colagens que dão liga:

como o ano só começa depois do carnaval, comece o ano colocando na parede uma das magníficas colagens dos seres imaginários do antonio, do vicente e do fabiano na sua parede preferida. elas ornam e desornam em qualquer canto. elas harmonizam e temperam qualquer ambiente da sua casa, do seu escritório, melhoram a energia do apê do seu namorado, da sua amante ou da sua vovózinha querida. custa só 120 pilas com frete incluído para qualquer lugar do país. confira todas elas nos stories de @fabpmaciel

vem aí: a primeira copa brasil de xingamento de gado no threads.

fiquem atentos. é diversão garantida. os autores dos melhores desaforos ganharão livros com centenas de páginas e com capa dura pra jogar na cabeça de porongo da mulambada golpista. inscrições em breve neste torneio onde vale tudo, menos ser gentil.

vocês querem bacalhau?

perguntou a chefinha dos museus estaduais paulistas: não! queremos a biblioteca do haroldo de campos de volta pra casa das rosas!

texto supimpa do bamba ninja lucio agra:

Uma observação curiosa de um pastor, os sinais do fim dos tempos e a explosão de estupidez se relacionam

https://lucioagra.substack.com/p/a-besta-a-solta

Elis Regina na Rádio Batuta, numa jogada comandada por Márcio Pinheiro. Clique na Elis.

Estranhas Cotoveladas

do chapa Reinaldo Volpato nas telas a partir de 27 de março, em Rio Preto, Bauru, Araçatuba e Sorocaba.

vem aí:

e também vem aí em porto alegre, sp e rio:

na playlist # 114:

Começando logo no esculacho, na torcida, no desejo ardente de ver o cramulhão de alma sebosa e sua turma no lugar que merece: em cana. UsMagrão abrem a playlist 114 com O Bolsonaro vai ser Preso e 50 faixas depois ProdJcss fecha a parada com Drill do Fora Bolsonaro, fora das nossas vidas e vendo o sol nascer quadrado, que é o que ele merece mesmo dicumforzatotale! E seguimos no badauê com The Beach Boys em ritmo de festinha sessão da tarde, com a Banda Repolho e Wander Wildner afogando as mágoas no Guaíba e uma sequência tiro nos cornos com Beck, The Black Keys, Julico, The Dandy Warhols, Yo La Tengo, Do Amor, Rogério Skylab (fazendo perguntas que afligem todos os homens de bem e de nada bem) e Deep Purple. Outra sequência atmosfera Berlim na batucada dos anos 80, quando todos achavam que o mundo ia acabar com um psicopata americano apertando o botão de emergência de um lado e um russo detonando o botão vermelho no outro lado e BUM, tchau pra todo mundo, deu pra ti putaiada, palmas pu taiada, palmas para Gary Numan, meu androide favorito do período e logo depois os Rockets e mudando o giro sem sair do trilho Zeca Baleiro, Manacaos, Julico dinovo, o jazz pesadelo em baixa frequência de Mike Reed, The Last Dinner Party, Azúcar Letal, La Pupuña, Arícia Mess a rainha dos quilombolas psicodélicos; Carlos Malta e seu Pife Muderno encarando o vento bravo de Edu Lobo; o samba sem dilema de Domenico Lancellotti e avante com Morphine, Tolstoys e uma cantora de folk? Sunny War, em um disco com o lindo nome de Anarchist Gospel; a bossa retrônova do Coronado Project e Antônio Neves e a bossa semprenova de Toots Thielemans numa homenagem à Elis Regina; seguimos com Aterciopelados, Ambitious Lovers, Da Lata, mais uma da Arícia Mess e vamos pra Bahia com Ítalo Arom e pro funk com Marcos Carnaval e Afrika Bambaataa. E atenção. Muita atenção: Prince na área preparando o piano pra um choque de monstro com Charles Mingus, Rory Gallagher, James Brown e aquele abraço para Roy Ayers que se foi nesta semana depois de gloriosos serviços prestados ao planeta. Bonde segue com o clima fullgás de Julia Mestre, Klara Kristin, Meshell Ndegeocello e chegamos nos últimos 200 metros com Toni Tornado, Beck bisando, Tom Waits, Laura Nyro, Jimetta Rose, Otto, Kassa Overall e na curva de chegada a suavidade e a bossa do Conjunto Farroupilha pra encerrar a bailanta mandando o alma sebosa tomar no forevis de vez! Saravá e até semana que vem.

e a playlist!