Acho que já falei por aqui de Paixão de Amor, filme de 1981 dirigido por Ettore Scola. Lá embaixo tem o link dele completo, com legendas em português. A sinopse: Em 1862, Giorgio, um jovem e belo soldado é enviado para um cafundó da Itália, para bem longe de sua amada, a linda Clara, Laura Antonelli, linda mesmo. Lá, ele faz amizade com um coronel, um médico e é assediado por Fosca, uma mulher estranha, obsessiva e…hum…pouco atraente. Como definir beleza? O que é feio, o que é bonito, o que é belo e o que não é? No dicionário, beleza é uma característica que torna algo agradável à vista. É um conceito subjetivo e variável, que pode ser influenciado por cultura, contexto, tamanho, cor e forma. Um amigo meu dizia que beleza dependia de latitude, longitude e horário de Greenwich. Nunca concordei com meu amigo, sempre achei que beleza e feiúra estão disponíveis em qualquer lugar e em qualquer hora. Platão e Aristóteles consideravam que a beleza andava junto com a ética. Outro italiano, o cabeção Umberto Eco, tratou do tema em dois livros fantásticos, História da Beleza e História da Feiura. Mas foi um alemão (sempre eles) com nome de policial, Alexander Gottlieb Baumgarten que formulou o conceito de estética: a ciência do conhecimento sensitivo, a arte de pensar de forma bela. Pensar de forma bela. Com isto na cachola, o francês Edgar Morin levou o conceito pra outro patamar, classificando a estética em 5 categorias: facial, corporal, capilar, embelezamento pessoal e tratamento das unhas, ops, errei de copy-paste, para Morin, a estética é uma força que nos arranca da banalidade e confere à nossa existência uma qualidade poética, uma forma de resistência ao poder atual que quer transformar as pessoas em robôs. Como eu não sei filosofar em nenhum idioma, nem no meu, ataco aqui uns pitacos sensitivos-estéticos- que formulei ao longo dos anos na escola de pensamentos avançados do CTG da Praça da Matriz em Porto Alegre. Primeiro postulado: Eu sou feio, mas eu sou bonito. Segundo postulado: Eu sou meio bonito e meio feio. Terceiro postulado: Eu sou feio-feio, mas minha mãe, a Miriam e os meus filhos discordam. As lentes do amor. Não tenho mais postulados. Aprendi a lidar com o feio-bonito muito cedo, lendo a Turma da Mônica, onde diálogos sofisticadíssimos acontecem em quase todas as histórias: Feiosa! Dentuça! Gorda! Seu Feio! Seu Feiosão! Feio é você! É você! Não, é você! É você! Ao longo desta semana, as redes sociais do bananal reproduziram diálogos edificantes como estes, para debater a estética e a beleza da conjuntura política atual. Mas antes de entrar neste pântano, volto para as minhas subjetividades: Michelle Pfeifer ou Camila Pitanga? Ellen Pompeo ou Luedji Luna? E eu posso ficar aqui nesta punheta por horas, citando beldades de todas as cores, idades e nacionalidades. Cora Coralina era uma velhinha bonita, Cora Ruinzalina (aquela que escreve sobre informática e capivaras no Globo) é muito feiosa. Micheque é bonita. Mas é feia. Subjetividades e ilusionismo. Kuleshov, um dos fundadores da Escola de Cinema de Moscou, criou um efeito que hoje leva o seu nome. Ele colocava a imagem de um ator em close, com uma expressão neutra. Intercalava na montagem imagens diferentes: um prato de comida, uma mulher bonita, uma criança morta. O rosto do ator, o plano, era sempre o mesmo. E para cada plano, enxergamos um sentimento diferente: gula, desejo, compaixão. Hitchcock aplicou este efeito supimpa em Janela Indiscreta. Quando olhamos pro Mujica, vemos um velho que gostaríamos que fosse nosso avô. Mas sabemos quem é o Mujica. E se o Pepe, ao contrário do ex-guerrilheiro, fosse um torturador milico arrombado da ditadura uruguaia? Como iríamos encarar o velho? Ah, mas este não é um dado de realidade. Sim, não é. Pra nossa sorte. Agora imagine ficar preso num elevador com Gilberto Kassab, Julia Zanatta, Arthur Lira e mais alguns aspones do PL. Sem dúvida nenhuma, será uma experiência visual-sensorial dos infernos. A feiura, a falta de senso estético é um projeto da direita. Isto vem sendo jogado na nossa cara já tem alguns anos. É um projeto estético do mal, portanto, se a beleza e a estética andam juntas com o bem, jamais poderá existir beleza no mal. A direita não é só torpe. Ela é esteticamente horrorosa. Sempre foi. O nazismo era um projeto estético. Quem viu Arquitetura da Destruição, sabe disto. Se liguem nas napas de Trump, Musk, Zelensky e Netanyahu. Nos cornos do Braga Netto, do Heleno, do Tarcísio. Pensem na feiura dos cantores do agro. Na feiura dos prédios de hoje, que dizem muito sobre a feiura das nossas elites. A feiura dos construtores e dos compradores. A feiura como projeto de mundo. Um mundo menino Neymar. Um mundo Zambelli. Um mundo bigode do Merval. E às vezes, tenho a impressão de que tá todo mundo na Vila do Limoeiro, esperando o anjinho chegar pra acabar com a briga da turminha. Puta merda! A briga não vai acabar com nota de repúdio. A briga vai ser feia. Portanto, povo da esquerda, vamos brigar pelo que importa. Deixem o Lula chamar a Gleisi de bonita, porque sim, ela é bonita, é tetéia, é mulherão da porra e o que mais existir de adjetivo. E, o principal, ela é capaz de fazer o que nenhum político do governo tem conseguido: dobrar os horrendos, os capitães feios e obtusos deputados do centrão. E mais: Gleisi causa um tremendo pânico em algumas jornalistas da nossa grande imprensa. Jornalistas que não são conhecidas pela beleza, mas por outros predicados, como o cinismo e a parcialidade. Então, deixemos as feministas de porta de shopping Eldorado, Leblon e adjacências resmungarem. E vamos ao que interessa. Vamos lutar para impedir que a direita e a feiura total tomem conta de tudo. Porque aí sim, a coisa vai ficar feia pra caralho. Na corda Bamba está na rede, e a playlist 115 tá turbinada, cheia de faixas belas, belíssimas, outras nem tanto, mas nem tudo que é feio, é feio de verdade. E nem tudo são subjetividades: a minha conta bancária por exemplo, ela anda bem feia. Ajude ela a ficar mais bonita, assinando Na Corda Bamba nos botões vermelhos desta página, ou fazendo um pix de qualquer valor para a chave fabpmaciel@gmail.com A foto da capa desta edição é minha, é São Paulo, esta cidade feia. E bonita. Saravá!
livros para ler, ver e exibir:


questões relevantes da paternidade:

colagens lindas e belas:
Elas sobreviveram aos especialistas em feng shui! elas nem chegaram perto da casa cor e a casa cor nunca verá nada semelhante. coloque uma das incríveis colagens dos seres imaginários do antonio, do vicente e do fabiano na sua casa ou no seu escritório e sua vida vai finalmente sair do lugar. E as paredes vão resistir. Por apenas 120 pilas (frete incluído para qualquer lugar do país) você garante um terremoto de boas sensaçãos. Confira todas elas nos stories de @fabpmaciel

links! links e mais links!
paixão de amor:
o efeito kuleshov:
trailer de janela indiscreta:
arquitetura da destruição:
um josé afonso para o eustáquio neves, admirador confesso de Tarkovsky:
money com the flying lizards. ou como fazer uma versão absurdamente original usando quase nada e deixar ela tão foda quanto a versão dos beatles.
vem aí:

vamos lá! https://www.feiradafoda.pt/pias/pt/

na playlist # 115:

Pierre Henry, o bambambam da musique concrete francesa abre e fecha esta corda, brincando nas galáxias, indo pra todos os cantos sem se preocupar com nada. Cuidado que tem chuva de meteoros e se o teu lance é sucesso, tá na nave errada, quem quer sucesso ouve a mundial e não a corda bamba. * José Afonso, o bardo da revolução dos cravos volta a sacudir esta frequência, num entrudo acachapante e foda de bonito. * Wander Wildner e sua milonga para um homem de poucos dentes. Beleza e dentifricio poético:
Mas se a minha gargalhada te assusta
Não se preocupe as aparências enganam
Lembre-se que de perto ninguém é normal
E que a melhor companhia é só um cara legal
Não vou gastar meu dinheiro no dentista
Pra te agradar
Não vou colocar dentadura postiça
Só pra te conquistar
Dentes bonitos me dizem pra ter
Um sorriso Colgate pra sair com você
Mas eu pergunto até quando você não vai ver
Que a verdade está nesses dentes mordendo você
Na pista 4 Orlandivo sim é sucesso. É mais do que isto: é a chave do sucesso. E no galope: Guizado em levada western-espeguete, as lentes do amor de Gilberto Gil e a beleza pura de Caetano Veloso *David Bowie, The Flying Lizards pra incomodar e Fagner cantando Cecília Meirelles, o epigrama número 9. Reparem no piano alucinado de Hermeto Pascoal e na singeleza do poema da Cecília:
O vento voa,
a noite toda se atordoa,
a folha cai.
Haverá mesmo algum pensamento
sobre essa noite? sobre esse vento?
sobre essa folha que se vai?
Folha seca com Yo La Tengo, Felini e Saya Gray. Ventania com Charlie Hunther. Brisa com Clove.
The Beatles. Sexy Sadie. E sempre, com tudo que aparece, com tudo que é novo, que veio antes, veio depois, que não veio ainda, que não veio nunca e que não virá mesmo. A corda sempre leva de volta pra eles.
Medeski, Martin & Wood, Sol Monk e a embolada de Zé Miranda em seu primeiro single * Arabitronics com Harissa * Peggy Lee em dobradinha com Toots Thilemans * Gilberto Gil em dobradinha com João Donato, uma coisinha bonitinha, já rolou por aqui, mas o momento é oportuno. Guizado bisando * A beleza do canto de Antonio Nóbrega na morte do touro mão de pau * The Three Seas, ouçam com atenção * DJ Python e Isabella Lovestory uma beleza da Guatemala, para o Canadá e para o mundo.

Ventura Profana. ainda não sei o que dizer. segue o texto do prêmio pipa sobre ela:
Filha das entranhas misteriosas da mãe Bahia, donde artérias de águas vivas sustentam em fé, abunda. Ventura Profana profetiza multiplicação e abundante vida negra, indígena e travesti. Rompe a bruma: erótica, atômica, tomando vermelho como religião. Doutrinada em templos batistas, é pastora missionária, cantora evangelista, escritora, compositora e artista visual, cuja prática está enraizada na pesquisa das implicações e metodologias do deuteronomismo no Brasil e no exterior, através da difusão das igrejas neo-pentecostais. O óleo de margaridas, jibóias e reginas desce possante pelas veredas até inundá-la em desejo: unção. Louva, como o cravar de um punhal lambido de cerol e ferrugem em corações fariseus.
Karin Krog é uma ótima cantora norueguesa de jazz. fez muito sucesso por lá. e fora de lá pouca gente ouviu. * mr.Quincy Jones, The sea and Cake, Gary Bartz & Maisha, Mei Semones (dica de carlos eduardo lima) cantante mezzo japonêsa, mezzo americana e Les Claypool baixando o sarrafo e Arrigo Barnabé perguntando quem vai apertar o botão. * Penguin Cafe Orchesrtra, Don Glori e depois uma das mais lindas canções de Lou Reed, New Age, pouco antes dele pular fora do Velvet Underground *
*Yo La Tengo, de novo, porque só agora eu consegui prestar atenção nesta banda, quase trinta anos depois…* Monika Linges, outra cantora de jazz da terra dos bárbaros, em versão super bossa. * Qual a versão mais bonita de stolen moments? esta é a de Oliver Nelson. * beleza e estranheza: John Zorn, Gary Bartz, David Bowie, Yaeji e Miles Davis.
*Bis de Medeski, Martin & Wood. Beleza e beleza com Ella Fitzgerald, outras belezas com Kasbah Rockers, Sun-Ra, Goma-Laca e na curva dos últimos 500 metros, Nego Álvaro, Criolo, José Afonso, Caetano Veloso e Pierre Henry cruzando a linha de chegada. 4 horas de boniteza total !

e a playlist # 115!

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