Lito mora numa cidade muito grande, em um bairro mais ou menos grande, cercado por duas avenidas muito compridas, por onde passam muitos carros, ônibus, caminhões, motos e ultimamente, muitos patinetes também.
Em cima voam aviões, helicópteros, drones, araras e pombos que vivem fazendo cocô na cabeça de quem está embaixo. Debaixo da rua passa o metrô, que sempre tem muita gente com muita pressa.
Pensando bem, tem um montão de coisas nesta parte nem muito feia e nem muito bonita da cidade. Todo dia, tudo muda e o que não está à venda está para alugar e o que não está para alugar está em obras. Casas são demolidas e prédios são construídos. Algumas lojas fecham e outras abrem.
A única coisa que não muda nunca, é que sempre tem muito barulho.
Na rua onde Lito mora tem 1 supermercado, 1 igreja, 1 templo budista, 1 centro espírita, 1 papelaria, 1 açougue, 1 borracharia, 1 despachante, 1 escritório de contabilidade, 1 padaria artesanal, 3 restaurantes, 1 boteco, 2 escolas, 1 loja de ferragens, 1 lotérica, 1 lavanderia, 1 oficina mecânica, 1 loja de lâmpadas, 1 loja de cerâmica, 1 loja de comida para peixes, 1 ponto de táxi e 18 salões de beleza.
O bairro é um labirinto. Algumas ruas fazem muitas curvas. Outras fazem zigue-zigue-zague. Tem aquelas que fazem um quadrado, as que fazem um L e as que fazem um T.
Lito gosta mesmo é de andar de bicicleta. Mas pedalar no bairro não é fácil. As calçadas são desniveladas e com tantos degraus que até parecem escadarias. Tem calçada de cimento, de pedrinha, de lajota, tem de todos os tipos, menos calçada lisinha.
Tem muito lixo.
Muito entulho.
Muito buraco.
Muita subida.
Muita descida.
E no fim de algumas descidas, existem algumas ruas sem saída.
No fim da rua sem saída Doutor Epaminondas Tamagotchi dos Santos, uma rua que faz uma curva e um zigue-zigue-zague e depois um L e depois um T, e que tem muito entulho e muito lixo, lá embaixo no final dela, tem um muro cinza todo grafitado, cheio de frases rabiscadas, frases como “Bia, eu te amo”, “Eva, eu também te amo”, “Fora Aderbal Armando” e “Vende-se Cofres de Segurança”. A calçada colada no muro é estreita e coberta por uma grama bem alta.
Um dia, Lito desceu esta rua na maior correria, o pneu de sua bicicleta furou, ele balançou, derrapou, foi pra um lado, foi pra outro, conseguiu controlar o guidão, desviou de um poste e depois de um gato que pulou na frente assustado, mas o freio falhou, ele bateu num sofá velho que estava abandonado por ali e a bicicleta voou por cima do muro. Escondido no meio da grama bem alta da calçada estreita, tinha um buraco muito fundo e escuro.
Lito caiu dentro dele.
Tudo ficou escuro.
Este é o começo de Lito Caiu no Buraco que estará nas livrarias ainda em 2025, antes do mundo ir para o buraco. É o livro inspirado nos personagens criados pelo Antonio e pelo Vicente. Para quem não sabe, Antonio (10) e Vicente (7), são meus filhos. Na Corda Bamba 156 está na rede junto com a playlist 127 (lá embaixão). A imagem da capa mostra a bomba do how to you tru, truman. Se você quiser ajudar este blog a sair do buraco, assine nos botões vermelhos lá de baixo ou apoie com qualquer valor na chave pix fabpmaciel@gmail.com Cuidado com o buraco! Paz! Saravá!

vá ao cinema antes que o mundo acabe!
Quando o Brasil era Moderno, estreia agora, dia 26 de junho, as 20.30 em São Paulo, no Espaço Petrobras de Cinema, na rua Augusta 1475. Depois da sessão, debate com os arquitetos Renato Anelli e Abílio Guerra.

veja o trailler:
tá pensando que tudo é futebol?
Semana passada falei da chinelagem futebolística e com o começo do mundial de clubes, tenho insistido aqui pra rapaziada do meu campinho que o esporte bretão se define em AE e DC: Antes e depois da Espanha. Como dizem os hermanitos, la concha de tu madre pro futebol contemporâneo, como um locutor bobolengo da globo chamou a chatice eficiente e corporativa que rola nas arenas de lá. Portanto, só tenho uma palavra:
BOTAFOGO!

e devo admitir: gostei muito de ver o Flamengo dar uma chinelada no Chelsea.
visite mirandópolis antes que o mundo caia no buraco:
Uma paisagem com prazo de validade nesta grande e confusa zona sul paulista, entre a saúde, a vila mariana, vila clementino e praça da árvore. fotos quentinhas feitas hoje mesmo neste feriado enforcado:








o mundo está indo para o buraco. escolha seus aliados. combata seus inimigos:
é economista de mercado? é jornalista baba ovo do do patrão na folha e similares? é do agro? da faria lima? centrão, centro-direita e direita? fundamentalista religioso? liberal sapatênis sensatão falsiane? pró-israel nethanyahu? pró-trump? bolsozóide? coach? anti-vacina bebedor de cloroquina ? terraplanista? defensor do estado mínimo, do livre-mercado, do banco central independente, dos juros altos ? acha o huck um cara legal? diz que o tarcísio é moderado? acha que não existe racismo e que política de cotas é uma bobagem identitarista? acha o escola sem partido um movimento legítimo e é ouvinte da jovem pan? pois se você faz parte desta turma, você é, antes de tudo, um cu sem pestana.
por falar em inimigos:

conheça seus aliados:
Leonel Radde é deputado estadual pelo PT do RS. Ele comanda um grupo de policiais anti-fascistas. E não tem medo nenhum de peitar os songa-mongas do MBL. Inclusive fez um tutorial sobre como lidar com os filhotes das jornadas de junho. Leonel Radde é CB!
Renato Freitas pode ser chamado pelo Maurício Valladares de o verdadeiro cabeleira altíssima. Na assembléia do Paraná ele enquadra e deixa todos os chinelões de cabelo em pé. Os deputados da bancada da bala, da bíblia, do agro, da lava-jato e de outras trampas pilantrópicas não se seguram nas cuecas quando ele fala. Renato é odiado pela turma do leite quente da Gazeta do Povo, que tentam de tudo para cassar o seu mandato. A Gazeta do Povo pelo menos é honesta: é um jornal assumidamente cretino. Salve Renato, avante!
duas novelas, duas aberturas com músicas espetaculares e um ator que definiu (junto com tarcisio meira) o galã 70 do brasil integrado. francisco cuoco, valeu.
na corda bamba no oráculo de delfos:
sonhei que amansava um cachorro bravo. joguei no grupo 5 (cachorro) e 6 (cabra). deu 14 (gato) e 15 (jacaré).
links! links! e mais links:
A transação do infinito, segundo romance do alô, alô realengo, Zé José, vulgo Eduardo Souza Lima, tá na área. Leiam o trecho abaixo:
Seu Domingos devia saber que quando a pessoa diz que não gosta dum apelido, aí é que ele pega. Fuleragem clássica. Virou Professor Pardal devido ao pormenor. Odiava a alcunha por motivos que nunca revelou a ninguém: era um personagem da Disney, para ele o símbolo mor do imperialismo, a foto três por quatro do RG do Grande Satã, e ainda podia chamar atenção indesejada – tinha turista que ia à região onde se refugiou somente para conhecer suas famosas figuras folclóricas. Pros outros, justificava que não era professor, nem passarinho. Todavia, no Catimbau todo artista, cientista ou excêntrico que tal ganha vulgo. Se desse aceite, lhe arrumavam outro que o deixasse enraivecido. Só que nem Domingos se chamava de verdade; adotou o primeiro nome de Calabar, para carregar peso na consciência, e se isolou do mundo por cagaço – duro de admitir, mas a realidade.

o filme novo do Joel Zito Araújo:
hélio delmiro e césar camargo mariano samambaia completo:
na playlist # 127:




Hélio Delmiro se foi. Ouvi Samambaia (o disco que ele fez com César Camargo Mariano) pelo menos umas mil vezes em 1981. Queria colocar Curumim e Das Cordas na playlist, mas não encontrei. Mas achei o álbum completo no youtube. Quem conhece chora. E quem ouve Milagre dos Peixes, chora mais ainda. Quem não ouviu ainda, ouva! Mas achei Fé Cega, Faca Amolada, do último disco que ele fez com Augusto Martins. Ouva também.
Ivan Lins 80 anos. Paul McCartney 83.
Joyce Moreno e The Black Keys com disco novo.
Leonard Cohen também sabe ser brega.
Rolling Stones sabem fazer disco music como ninguém.
Pete Rugolo sabe ser esquisito.
Gilberto Gil sabe ser radiofônico.
The Elephnat Memory sabia acompanhar John e Yoko. (atenção ao adoro batatas)
e atenção ao que Pedro Aznar faz com o baixo em Encuentro con el diablo.


e mais:
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e a playlist!

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