na corda bamba 179 e a arte de passar o pano na mesa da sala.

A pizza do jantar foi devorada. Recolhi os pratos e os talheres. Moço, pega um pano pra limpar a mesa? O moço levantou, foi até a cozinha, não encontrou o pano, pegou um pedaço de papel toalha, tascou um pouco de detergente e deslizou na madeira. Mas é assim que você vai limpar a mesa? Olha só, tem uma cebola grudada no papel. O moço, que de moço não tem quase mais nada, improvisou um samba: Limpou a mesa com cebola, a patroa explanou e começou a discussão, cadê o perfex, o desinfetante, o sabão... Os filhos riram, papai tem música pra tudo. Hi lili hi lo o pai pensou e voltou pra cozinha, achou um pacote fechado de perfex, pegou o Veja Limpeza Pesada, encharcou no pano azul e mandou ver. O tampo ficou impecável, brilhante, esterilizado, imaculado, como se tivesse recebido um descarrego de Mãe Menininha. Vicente foi pro banho e do chuveiro gritou: limpar a mesa com cebola é uma arte! Passar pano também é. Especialidade da nação. Desde 1500. Falta pouco pra 2025 passar. Falta o natal, a semana do ano novo e deu pra ti. Ainda estou na área. Resistente, resiliente, paciente e principalmente, detergente. Dissolvido e biodegradado, sobrevi com maior ou menor intensidade à uma penca de urucubacas e ziquiziras de todas as instâncias: municipais, estaduais, federais e internacionais. Dinheiro pouco, dívidas muitas, contas altas, saldos baixos, juros altos, prestações atrasadas. Metrô lotado, ônibus lotado, taxistas reacionários e avenidas engarrafadas. Roqueiros de direita e sertanejo universitário tocando em todos os ambientes, cantores e cantoras fofinhos e fifonhos, fifonhas e fofinhas, quase tudo na base do geme-geme. As chuvas, tempestades, vendavais, secas, inundações, frio demais, calor demais, mofo, umidade, vento demais. Burocratas, almas sebosas, gente muquirana, obtusa, coachs, sapatenistas, influenciadores, pregadores terraplanistas, cozinheiros afetivos, fiscais de cu alheio, fascistas, jornalistas e economistas de mercado, médicos anti-vacinas, malas sem alça, baba-ovos, cheira-rolas, paus no cus, cretinos de todos os tipos, gêneros e espécie, falsos imparciais descolados, faria limers e gente que nomeia qualquer coisa com a terminação ers. Azia, dor de cabeça, câimbra, covid de novo, pneumonia, indigestão, ressaca, ovo virado, vento virado, espinhela caída, unha encravada, virose, insônia, tosse. Preguiça, procrastinação, ira, raiva, gula, inveja, soberba. IA, Rooftop, agro, rooftop na roça e a estética do agro. Trump, Huck, Milei, Nethanyahu, Zelensky, Motta, Lira, como é mesmo o nome do chanceler alemão? Bananinha, Chupetinha, Zema, Malafaia, Mario Frias, Ratinho pai e filho, Jovem Pan, Augusto Nunes, Vera Magalhães, Folha de São Paulo, Estadão, Zero Hora, O Globo, Gazeta do Povo, Eduardo Leite, Tarcisio, os prefeitos e governadores privatizadores, Moro, Merval, Camarotti, Fux, a peruca do Fux. O futebol chinelo da seleção, do Grêmio e o mais ou menos do Botafogo. Aturei e ainda estou engolindo a dosimetria, a anistia pra turma do 08 de janeiro, à PL do streaming do jeito que está e o banco central independente. Sobrevivi à rotina, ao pessimismo, à depressão e aquela vontade danada de fumar um cigarro. Marlboro vermelho. E se lamento por um nazista no Chile, celebro a prisão do capitão bozo e de seus colegas de golpe. Mas no final das contas, admito que pelo menos umas 5 bilhões de pessoas se fuderam muito mais, muito mais mesmo neste ano. Isto aqui é sofrência, resmungo e maledicência. Ainda bem que tenho a Miriam e os muitos amigos pra me aturar. Não sei até quando. Como dizia Claudia Barroso: a vida é mesmo assim, alguém tem que sofrer. O natal tá chegando. Ho Ho Ho. Quarta tem mais corda-bamba, edição especial de Noel. Quem quiser deixar um presente por aqui, é só assinar nos botões vermelhos lá de baixo ou apoiar com qualquer valor, eu disse qualquer valor mesmo, na chave pix fabpmaciel@gmail.com

Lá embaixo também está o link pra espetacular playlist # 153 de na corda bamba.

Saravá!

que beleza é sentir a natureza.

Bacanidades para dar de natal:

Coloque na parede de sua casa um dos seres imaginários do antonio, do vicente e do fabiano (eu mesmo), técnica mista, super A3 (47,7 X 32,7 cm) papel couche 250g R$ 120,00 frete incluído para qualquer lugar do brasil. Veja todos eles no instagram @fabpmaciel

2 livros de Allan Sieber pelo preço de um!

Livro do chapa Zé José.

Ainda não li, mas já digo que é bom porque o Eduardo Souza Lima entende do ofício.

Fim de Turno. O site livro de Carlos Alberto Mattos:

O endereço do site-livro é https://www.fimdeturno.com/

1985. Não sei se tenho saudades.

Mas o livro vale e muitos amigos são culpados por ele.

LINKS! LINKS! E MAIS LINKS!

A UNESCO lançou um atlas do patrimônio latino-americano, com ilustrações do Guazelli. O livro pode ser baixado em pdf neste link. Atenção, não é pirataria.

A netflix anda mesmo uma chatice sem limites. Mas a nova temporada de Fargo chegou:

manfred mann:

los lobos:

the dramatics:

na playlist # 153, que ainda não é uma playlist de natal.

Fagner em um de seus discos mais experimentais, Orós de 1977. Seu Raimundo muito bem acompanhado de Hermeto Pascoal, Robertinho do Recife e outros ninjas.# Cátia de França porque eu passei boa parte do ano no metrô, linha azul, amarela, vermelha, e ela em 79 zabumbava dizendo que ia virar tatu pra ficar perto de tu, vem menina, deita aqui no meu regaço, já chegamos no Estácio # Manfred Mann lamentando que deu a ela todo o seu amor e agora ela não quer mais saber dele…acontece mr.mann, em frente que a fila anda. # Lucrecia Dalt é uma moça colombiana que vive no Novo México. Antes de virar uma artista experimental ela batia ponto como engenheira civil numa empresa de geotécnica em Medellin. Quem disse que o mundo das exatas é assim tão exato? Na sequência o balanço de Bobbie Gentry, uma cantora que circulou numa boa entre o folk, o country e a soul music entre os anos 60 e 70.

lucrecia dalt: engenharia civil e música experimental
bobbie gentry: country, soul, folk e fancy.

Los Lobos bolerando na maciota em Kiko and the Lavender Moon, uma canção mágica, mística e onírica. Kiko é mantra e desencosto, é recado lá de cima. Se liga Kiko! # The Dramatics é a descoberta da semana. Whatcha See Is Whatcha Get, balaco na manha, na maciota, groove de primeira qualidade. # Se liga tu também ou o diabo vem te pegar, canta a espetatacular Bessie Smith:

É uma estrada longa e sem fim, sem chance de mudar
É um fogo que nunca se apaga, sempre a queimar
Lá embaixo, o diabo espera
Com seu tridente na mão
E é pra lá que você vai
Você entendeu?
O diabo vai te pegar
O diabo vai te pegar
Oh, o diabo vai te pegar
Tão certo quanto você nasceu

não brinque com bessie smith!

Uma sequência de vozes da pesada: Odetta, Janis Joplin e Shirley Ellis # The Kinks pra quebrar a sequência # Ava Rocha e Lady Zu pra quebrar mais ainda a sequência. # O Baião de Lacan, de Guinga e Aldir Blanc na voz de Leila Pinheiro. Estamos por aqui, apesar de tudo:

Eu tô a mil por aí
Atleta do Juqueri
Um sócio a mais da Golden Cross de carteirinha
Tanto sofri nesse afã
Que um seguidor de Lacan
Diagnosticou estresse
E me mandou pra roça descansar

Eu fui pra Limoeiro
E encontrei o Paul Simon lá
Tentando se proclamar
Gerente do mafuá

A terra em transe franze racha pela beira
Feito cabaço de freira solta e lá vem um
E o Brasil ainda batuca na ladeira
Bafo, Congo, Exu, Taieira
Mais Cacique é o Olodum
Deus salve o budum!
Viva o murundum!
E é tuntum, e é tuntum, e é tuntum

Charlotte Gainsbourg e sua versão monange de Hey Joe. Todo amor ao Jimi. Na sequência Bill Wilson, Grateful Dead, The Cinelli Brothers, Nortec Collective, Frank Zappa, Los Angeles Negros e Peter Green. # Música nova de Carne Doce e de CECI, música velha de Captain Beefheart e dos Detroits Brothers. Em frente com Elza Soares, 3 na Massa, Donald Byrd, + Nortec Collective, La Gusana Ciega e dois hits da disco com Charo e Voyage.

Bonde na pista com The Human League, Gorilazz, Slum Village, Yes, Minnie Hiperton, The Stranglers, Gore Gore Girls, Los Saicos, James & Bobby Purify, It´s a Beautiful Day, Lorenz Alexandria, Brian Protheroe, Vitor Ramil com Lenine, Bill Calahan, Edu Lobo e Tom Jobim, Osmar Milito, Patto, Garotos Podres porque uma delegada e um deputado sei lá quem, resolveram proibir. E pra encerrar, Vince Guaraldi, porque semana que vem é natal.

a playlist # 153!