na corda bamba 180 e o natal em que fui papai noel. e de havaianas.

Acho que foi em 2010. Fui passar o natal em Porto Alegre e minha irmã me intimou: você vai ser o Papai Noel. Dezembro na capital gaúcha a temperatura média à noite é de 38 graus. Não tive escolha. Bebi bastante, vesti a fantasia e antecipei em 15 anos a polêmica do momento, pois me recusei a calçar as botas e fui com as minhas havaianas brancas, aquelas que não deformam e nem soltam as tiras pra casa da sogra da minha irmã. Meus sobrinhos e seus primos e o resto dos convidados todos nunca tinham visto um papai noel de chinelo. Nem um papai noel tão chinelo. Tampouco tinham visto um que fumava Marlboro vermelho, não largava o copo de cerveja e fazia piadas infames sobre o comportamento das crianças ao longo do ano. Meu sobrinho desconfiou quando viu minhas tatuagens. E como sabia muito bem qual circo seu tio frequentava, matou a charada na hora. Esqueci das luvas. Hoje eu não precisaria nem simular a pança… Tive bons natais na infância, que é quando o natal importa mesmo. Neste de 2010 eu nem sonhava com impitiman, golpe, terraplanismo, médicos anti-vacinas, goiabeiras e rezadores de pneus. É claro que a grande imprensa já era a bosta de sempre, só que com um pouco mais de vergonha na cara e um pouco menos de cretinos opinando. Mas, vejam só, naquele fim de ano fui visitar uma velha amiga. Família rica, herdeira, agro, o pacote completo da elite esclarecida que ainda restava do iluminismo que Catarina criou e FHC exterminou. Naquela noite ela reclamou das minhas havaianas. Poucos anos depois ela foi de Aécio, apoiou o Moro, o PIG, o golpe, o bozo…O iluminismo da classe dominante no Brasil só vai até a esquina. Assim como o discurso democrata dos jornalistas que apoiaram o golpe. Aliás, lembrei do Stewart Home, Assalto à Cultura, onde ele conta de um artista que todo ano enviava caixas de tijolos para os mais famosos críticos de arte da Inglaterra. Se tivesse tempo e dinheiro sobrando, faria o mesmo…as redações não contam mais com tanta gente assim. Portanto, noves fora nada, a alegria é a prova dos nove, feliz natal, amor, paz, vuco-vuco, badauê e tudo de bom para todo mundo. Quer dizer, pra turma do golpe, aquela velha e mesma de sempre, não. Pra eles uma caixa de tijolos. No mínimo. Na corda Bamba de natal tá na rede. Quem quiser apoiar este blog com qualquer valor, é só fazer um pix para a chave fabpmaciel@gmail.com E abaixo o link para a espetacular playlist natalina.

imagem da capa: hula girl,ou seja: uma havaiana. csa images

Saravá!

na playlist # 154

Começa e termina com Gilberto Gil, que tem fé e sabe perdoar. Assim como o Lula. Eu não tenho esta fé. E sou mais rancoroso e ortodoxo que embalagem de chocolate do padre. Depois tem Jorge Veiga cantando O pagamento não saiu, onde ele diz, não comprei a baiana que você me pediu, porque meu pagamento ainda não saiu. Troque a baiana por havaiana, e estamos em 2026. Na sequência Serge Gainsbourg, Fania All Stars com uma versão sensacional para Verão Vermelho de Nonato Buzar e depois é só chester, tender, peru, salada de batata, manjar, cerveja e outras gordices: The Lebron Brothers Orchestra, Oscar Brown e Luiz Henrique, Bill Wyman, Arthur Verocai, Elis Regina, Grant Green, Elino Julião, Creedance Clearwater Revival, Maya Youssef, Aanya Martins, Charlotte dos Santos, Louis Armstrong e Velma Middleton, Gal Costa, Jorge Benjor, Bendegó, Ramsey Lewis, McCoy Tyner, Galt MacDermot, Blondie, Lee Morgan, Cold Blood, Arnaldo Antunes, Anelis Assumpção, Richard Neves e Marcos Suzano, Joni Mitchell, Bryony Jarman-Pinto, The Specials, Raul Seixas, Steely Dan, Stevie Wonder, Michael Jackson, Stuff, Vince Guaraldi, Moacir Santos e Gilberto Gil fechando a parada. Aproveitem!

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