Um trouxe o ouro, outro o incenso, o terceiro a mirra. Dois mil e vinte três anos depois, uma turma de pilantras achou que dava pra chegar com pau, pedra e cafuné da polícia do DF. Deu ruim. Pra nossa sorte. Parte da pilantragem tá onde tem que estar: em cana. O chefe da quadrilha, os peixes grandes e os verdelejos 5 estrelas ainda não foram enquadrados. Já, já eles levam uma chinelada. Tim Maia neles! Alexandre de Moraes neles! Dino neles! No mais, ouro de tolo não serve, incenso e mirra também não, mas pix de qualquer valor pra chave fabpmaciel@gmail.com ajuda a manter a estrela de Na Corda Bamba voando alto por aqui. Democracia, Saúde, Paz, Amor e um dinheiro pro leite e pra cerveja!

A playlist começa com Mário Quintana, o poeta da rua dos cataventos, um poeta de delicadezas, de finas ironias e leves melancolias. Mário Quintana abre e fecha esta edição. Não se iludam. De ingênuo e bobo, ele não tem nada.
Dorme, ruazinha… É tudo escuro…
E os meus passos, quem é que pode ouvi-los?
Dorme o teu sono sossegado e puro,
Com teus lampiões, com teus jardins tranquilos
Dorme… Não há ladrões, eu te asseguro…
Nem guardas para acaso persegui-los…
Na noite alta, como sobre um muro,
As estrelinhas cantam como grilos…
O vento está dormindo na calçada,
O vento enovelou-se como um cão…
Dorme, ruazinha… Não há nada…
Só os meus passos… Mas tão leves são
Que até parecem, pela madrugada,
Os da minha futura assombração…
Osmar Milito é um bamba. Duas décadas atrás, suas gravações do final dos anos 60 e início dos 70 caíram no gosto de dejotas e sampleadores de todas as latitudes, que usaram e abusaram de suas versões para standards como cantaloup island e mercy mercy mercy. Esta semana apareceu por aqui um disco de 74, com uma versão incrível de sangue latino. Osmar Milito sabe dedilhar seu piano em vários terreiros: bossa, jazz, samba, pop, sempre com muito suingue. E segue firme na paçoca, tocando na noite carioca.
Duas bombas atômicas em sequência, Love Rollercoster, com os Ohio Players e Balanço, com Tim Maia. Sempre que perguntavam pra Thimoty Leary (psicólogo, neurocientista, pensador e pioneiro no uso do LSD) se ele acreditava em discos voadores e vida inteligente em outros planetas, ele respondia com outra pergunta: por que os ET´s só aparecem pra donas de casa de Ohio?!? Não sei se as donas de casa de Ohio ouvem Ohio Players. Nem se o Thimoty Leary chegou a ouvir. Se não ouviu, perdeu o barato.

Todo mundo que eu conheço, chora! (maia, tim)
Totonho e os Cabra, apresentando A rainha para todos os presentes. Atenção na letra! Koffi Flexxx não é exatamente uma alegria nos nossos ouvidos. Mas nem tudo é pra ser facinho. Baretta também sabia disto. Samy Davis Jr também.

Pluma e nunca foi tão facinho ouvir sotaque paulista nas palavras movimennnnnto momennnnnto, Curumin, saindo à Bangu e voltando pra curtir, Irmão Vitor, de onde saíram algumas das músicas desta playlist, é mesmo uma figura e sua canção para minha chaleira vermelha iria agradar mole mole o seu timothy leary. De Passo Fundo para Cuba com Bola de Nieve em Dime Negrita, que virou drume negrita com Caetano. Noa Stroter pra seguir bolerando.
Julieta Venegas diz que sim.

Shana Cleveland, é cantora, escritora e artista visual. Com este nome, ela poderia batizar série policial na Netflix. Ou sites pornôs. Mas não. O lance dela é outro. E o lance dela combina com este disco de Bebê Kramer com Yamandu Costa. Simpatia salve salve. Já contei aqui o quanto Gale Garnett foi musa via Festa do Monstro Maluco. Aqui ela de volta na corda, em momento bossa novinha. Werther vai morrer na roda do amor, neste disco pouco conhecido de Júpiter Apple, Júpiter Maça, Mr.Flavio Basso também entraria fácil numa playlist do Doutor Timóteo Leléary.

Ryan Adams lançou 4 discos simultâneamente neste começo de 2024 e algumas faixas já estão tocando por aqui. Mombojó, porque tá combinando com o clima, Cidadão Instigado porque um lálálá sempre combina com tudo, Letuce na lânguida êxodo lunar, que combina com tudo isto e pra completar Guilherme Lamounier coloca um grilo na sua cuca.

Lee Dorsey pra mudar o andamento, Jack White, pra mudar mais um pouco, Peaceful Coalition pra mudar mais ainda.
Beatles é bom até em take alternativo que não entrou em disco.
Caetano Veloso é bom até quando escreve bobagens, meu filho.
Caroline Rose leva a chuva pra onde ela for.
Clara Nunes puxa a rede e dá psiu pra todo mundo.


Noriel Vilela e o samba do meu momento atual….No corre em Recife com Amaro Freitas, no corre em Berlim com Ideal, no Bronx com Kid Creole and the Coconuts, em Londres com Duran Duran, em Lusaka, Zâmbia com a Ngozi Family e sei lá onde novamente com Ryan Adams.
PJ Harvey pra trazer o seu amor de volta. Lavínia, pra levar o seu amor pra onde quiser. Então entre no modo cafuné com Ayrton Montarroyos, Jimmy Scott e sim, com uma balada melow melow antena 1 madrugada motel rádio táxi com mr. Bob Seger uivando para a lua.
John Hammond pra sair do torpor, João Donato, Luciana Souza com Trio Corrente e Osmar Milito mais uma vez e Moby pra sair de vez dele.

Na curva final com Afro Hooligans, Glenn Gould tocando Brahms e Mário Quintana cruzando a linha de chegada com o soneto 24, da ciranda que rodava no meio do mundo.
Saravá!
A corda bamba segue firme e forte, pero com certa preguiça nesta semana pós ano novo. E agradece a chegada de Toni Venturi nestas páginas. Avante que o ano promete. PAZ!
a imagem da capa desta edição é da obra O Cortejo, de Nelson Leirner, de 2009, que está no Museu Afro Brasil em São Paulo.
LINKS! LINKS! E MAIS LINKS!
um texto sobre mário quintana na ex-folha de são paulo, ou quando a folha de são paulo ainda era um jornal:
osmar milito sacode cantaloup island muito antes de US-3
o instagram de osmar milito: https://www.instagram.com/osmarmilitooficial/#
waltel andava na mesma turma do osmar. artigo supimpa do bamba tárik de souza no espetaculoso site amajazz:
pra ouvir o waltel:
e um curta sobre ele: https://nanu.blog.br/descobrindo-waltel-branco/
timoty leary, quem diria, virou referência de frases edificantes coach não é gente e pra escalar o himalaia não precisa de ácido, só força de vontade:
https://citacoes.in/autores/timothy-leary/
sobre kofi flexxx no guardian, que apesar das escorregadas e diferente da folha de são paulo, ainda é um jornal.
a abertura de baretta:
shana cleveland tem um jeito assim assim:
ideal, enlouquecendo berlim no começo dos anos 80
pra lembrar zagallo com gilberto gil:
zagallo era do botafogo como paulo mendes campos, que não ligava pra futebol, ligava pro botafogo e agora que o botafogo não é mais time, é entidade religiosa, segue um pouco da fé cega:
https://cronicabrasileira.org.br/cronicas/7145/o-botafogo-e-eu
E A PLAYLIST!

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