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Antes de tudo, antes da criação, da tocha e do lampião, da light e da força e luz, da fiat lux, da vela e da lanterna, do farol e do semáforo, da luta entre os homens e da luta de classes, do mercado e do livre mercado, antes de tudo isto, só havia o dia e a noite ficava aprisionada dentro de um caroço de Tucumã. Quem ficava de olho vigiando era a Boiúna, uma cobra gigantesca e escura, que protegia as águas e era capaz de se transformar em barco ou cachoeira para devorar os homens que se atreviam a cruzar por seu caminho. Um dia, a filha da Boiúna se casou e disse pro marido que só iria liberar o rala rala quando a noite chegasse. O noivo, cheio de desejos loucos, foi junto com um amigo até o fundo do rio pra se apoderar do caroço de tucumã e liberar a escuridão, sem a qual ele não conseguiria saciar o seu desejo louco. O amigo, curioso, quebrou a semente e a escuridão surgiu, dividindo o mundo em dia e noite. O casal mandou ver na maniçoba e o amigo apressado comeu cru. Desde então, tem gente que fica no vuco-vuco de noite e trabalha de dia, tem gente que fica no vuco-vuco de dia e tem gente, como os senhores Paolo Scaroni, Flavio Cattaneo e Guilherme Lencastre, que seja noite ou seja dia, faça chuva ou faça sol, tempo bom ou tempestade, eles sempre estão com o caroço de tucumã cheio, lotado de muito dinheiro que eles ganham vucovucando com os tabaréus paulistas. Paolo Scaroni, Flavio Cattaneo e Guilherme Lencastre não são pajés e nem feiticeiros. São CEO’s da ENEL de couro, a companhia que se apoderou da luz do mais “desenvolvido” estado da nação. Paolo e Flavio vivem do outro lado do grande rio, na Itália. Guilherme é o soldado deles na Pindorama. E toda vez que os espíritos da natureza resolvem brincar por aqui, eles ganham mais dinheiro ainda. E eu e mais 2 milhões de paulistanos, pagamos o pato e ficamos com o caroço de tucumã ardendo. É por isto que eu digo sempre: todo privatista é, antes de tudo, um espírito do mal, um ente maligno que precisa ser devorado pela Boiúna.
A direita, o mercado e a grande imprensa defendem a privatização. Desde que financiada pelo estado e, vejam só, desde que o estado entre em campo quando dá merda. Convoco algum soldadinho setorista de economia que me apresente um dado positivo na privatização ou terceirização de serviços fundamentais como energia, água, transporte, saúde, educação e segurança. A privatização é indefensável.
Além dos CEOs que se dão bem em qualquer hora, tem aqueles que só operam de madrugada, quando todos os outros estão dormindo. Eles são os deputados da direita golpista. Esta semana eles botaram pra quebrar. Sagaz como sou, me antecipei a todos e logo cedo no dia 09, invoquei no facebook, os poderes de grayskull de Paula Lavigne:
Alô Paulinha? Estamos esperando a convocação. Liga aí! Chama geral. E vamos aproveitar a mobilização pra também pressionar por uma lei do streaming que funcione pra maioria.
E não é que ela atendeu o chamado? Mas She-Ra Lavigne ficou bolada com a lei do streaming. Então vamos lá, mexer neste vespeiro. Trabalho na indústria do audiovisual desde 1985. Comecei como assistente de produção e depois como produtor com Cesar Cavalcânti, Alberto Magno, Beth Pessoa, Eugenia Moreyra, Roberto Feith, Xavier de Oliveira, Tetê Moraes, Reinaldo Volpato, Tatiana Calvo, assistente de direção com Marcelo Tas e Roberto Berliner até começar a dirigir meus próprios filmes nos anos 90. Também desde os anos 80 voto no Partido dos Trabalhadores (e em Brizola quando este estava na área). Votarei em Lula ou nos candidatos do PT enquanto a nossa elite e a nossa imprensa for esta que aí está. Assim como eu, posso afirmar que a imensa maioria dos trabalhadores da indústria do audiovisual são eleitores de Lula (sempre tem um Padilha ou um Brasil Paralelo, mas por sorte, eles são minoria). Desde o golpe que derrubou Dilma, estivemos, dia e noite, com ou sem Boiúna, com ou sem caroço de tucumã, defendendo Lula. Durante a lava-jato, muita gente boa chamou urubu de meu louro. Vocês lembram do Vem pra Rua? Teve gente, como a Paula Lavigne, que foi tirar foto e fazer festinha pro lavajatista Marcelo Bretas. Freixo e Molon também estiveram no convescote. Não preciso contar o que aconteceu com o impoluto colega de Moro na Guanabara. Paula Lavigne também é produtora de cinema. Ela acha que o PL do streaming, do jeito que está é uma vitória. E ela acha que as pessoas que não concordam com isto querem mesmo é tirar a Margareth Menezes do Ministério da Cultura. Alto lá! Defender uma lei de streaming justa não é atacar a ministra. Não é atacar o governo Lula. Queremos é que tanto o presidente e a ministra, tenham uma compreensão de que esta lei, do jeito que está, é uma vergonha. Não preciso repetir aqui os argumentos de como são as regulamentações na Europa, ou de como o cinema é soft-power. Mas repito aqui um dado real: somente as grandes produtoras brasileiras – e os serviços de streaming- estão satisfeitas com esta PL. Resumir a luta por uma legislação decente em uma disputa palaciana é fugir do tema central. E se Paula Lavigne diz que não tem partido, eu digo que eu tenho. Eu sou filiado ao Partido dos Trabalhadores. E eu sou um trabalhador da Indústria do Audiovisual. Não sou patrão nem capitão do mato. No mais, obrigado pela convocação de hoje. Estarei na Paulista e muitos estarão em Copacabana ou nas principais cidades do país. Viva a Margareth. Mas bota pressão Margareth! Abaixo a PL do streaming do jeito que está.
francisco bosco foi brincar de papel machê e levou um dois pra lá, dois pra cá da miss suéter.
sentindo um frio em minha alma e a ponta de um torturante bandaid no sapatênis.
filme sobre capitão soluço foi financiado com dinheiro truta da prefeitura de são paulo e com emenda pix de mario frias. tudo que envolve o cramulhão é ilegal, imoral e ruim.
adeus haroldo costa
Que, entre outras coisas, este ano topou sair de casa para dar depoimento pro Native Brazilian Music, o novo filme que estou fazendo com Tárik de Souza e com a TvZero.
A enel atrasou minha copidescagem e as entrevistas voltam semana que vem. Raiz: Arte Afro-Brasileira Contemporânea segue em cartaz no Canal Curta:
quando o brasil era moderno segue no streaming e no canal brasil:
Por hoje é isto macacada! A corda agradece a chegada de Flavia Bonilicht. Quem quiser assinar este blog, chegue nos botões vermelhos lá de baixo ou apoie com qualquer valor na chave pix fabpmaciel@gmail.com
Saravá!
LINKS! LINKS! E MAIS LINKS!
a lenda da boiúna nos ônibus de belo horizonte.
no come ananás, hugo souza faz um balanço da fiasqueira da enel:
https://www.comeananas.news/p/eletricas-quatro-balas-contra-o-pacto
domingo todos na rua contra a canalhada golpista!
A PL do streaming como está é um deus nos acuda. Quem tá no mercado audiovisual deve assinar este manifesto. Quem não tá, mas apoia, deve assinar também.
paolo sorrentino sabe o que faz e ainda coloca trio esperança na parada:
este livro vai ser traduzido?
chile hoy chill out?
não sei o que vai acontecer no chile. no primeiro turno, jovens votaram na direita e velhos na esquerda. nelson rodrigues e bernard shaw estavam certíssimos: jovens, envelheçam e não votem nos paus no cu da direita!
bonito mesmo: itinerário de marcos braccini com josé miguel wisnik e ilessi:
lene lovich!
salvem na agenda:
na playlist # 152
tiago araripe # nara leão # sérgio ricardo # joão bosco # luiz gonzaga # pepeu gomes # roxy music # jupiter apple # jimmy scott # kit sebastian # black sugar # stevie wonder # david bowie # the the # ifá # lúcio maia # lene lovich # brigitte fontaine # prince # toni tornado # eric burdon & war #sierra delta # the style council # jerry lee lewis # m.j.cole # jon batiste # tim maia # george harrison # erasmo carlos # cowboys espirituais # tim buckley # humble pie # flore benguigui # flea # marcos valle # emílio santiago # sugar minott # os cariocas # brian eno & john cale # luiz vieira # josé miguel wisnik # nelson cavaquinho # rubel # ilessi # alexandre guimarães
e a playlist # 152!
fabiano maciel na corda bamba 
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